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Moro diz que vídeo 'fala por si', critica alianças do governo e lamenta omissão contra corrupção

© AP Photo / Eraldo PeresEx-ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, faz um pronunciamento anunciando sua saída do governo Bolsonaro.
Ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, faz um pronunciamento anunciando sua saída do governo Bolsonaro. - Sputnik Brasil
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O ex-ministro da Justiça Sergio Moro disse que o governo usou de sua "imagem" para parecer que combateria a corrupção, mas "não fortaleceu as instituições" para alcançar esse objetivo. 

Além disso, o ex-juiz criticou a aproximação do governo do presidente Jair Bolsonaro ao grupo de parlamentares do centrão. Moro afirmou ainda que o vídeo da reunião ministerial divulgada na sexta-feira (22) demonstra que o chefe de Estado queria interferir na Polícia Federal em proveito próprio. 

"O governo se vale da minha imagem, que eu tenho esse passado de combate firme contra a corrupção, e de fato o governo não está fazendo isso. Não é? Não está fortalecendo as instituições para um combate à corrupção", afirmou em entrevista para o programa Fantástico, da Rede Globo. 

'Agenda anticorrupção não teve impulso'

O ex-ministro disse que foi chamado para o cargo com o "compromisso" de "combate à corrupção", "à criminalidade violenta" e "ao crime organizado", mas que a "agenda anticorrupção não teve um impulso por parte do presidente". 

Moro citou especificamente a transferência do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) do Ministério da Justiça para a pasta da Economia, que, segundo o ex-juiz, o governo não se empenhou para evitar. Além disso, queixou-se de falta de apoio para aprovar seu pacote anticrime no Congresso.

Ao mesmo tempo, criticou a aproximação do governo ao centrão, bloco de parlamentares no Congresso que teria apenas interesse em cargos e verbas, sem se preocupar com ideologias. 

"E, recentemente, vimos essas alianças, que são realizadas com políticos que não têm um histórico, assim, totalmente positivo dentro da história da administração pública", disse.

Ambiente desfavorável ao 'contraditório'

Sobre a acusação de tentativa de interferência na Polícia Federal, motivo alegado por ele para pedir demissão, disse que não retrucou o presidente na reunião ministerial de 22 de abril porque não havia espaço para o "contraditório". 

"Nós tivemos a reunião ministerial, na qual novamente ele externou essa situação de que ele queria trocar, intervir, porque os serviços de inteligência não funcionavam, ele precisava trocar. E ele ali, me parece claro, até pelo gestual que ele realiza, que ele se refere a mim. Ele fala da Polícia Federal. Agora, eu não ia discutir isso no âmbito de uma reunião ministerial. Até porque ali o ambiente não era um ambiente muito favorável ao contraditório", disse. 

Moro também afirmou que o vídeo, que teve conteúdo liberado como parte de investigação pedida pela Procuradoria-Geral da República para apurar possível interferência em investigações, "fala por si". 

"Acho que o vídeo fala por si. Quando ele olha na minha direção, isso evidencia que ele estava falando desse assunto da Polícia Federal", argumentou. 

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