Em cerimônia no Palácio do Planalto nesta terça-feira o presidente Jair Bolsonaro fez um balanço dos primeiros 300 dias de governo, falando das suas viagens e dos novos investimentos no país.
Depois de 10 meses de mandato e de crises, o presidente vai abandonar seu estilo de confronto e passará a governar de modo mais pragmático?
Segundo Ricardo Ismael, cientista político e professor da PUC-RJ, isso dependerá de, pelo menos, três aspectos da política nacional que devem prevalecer até o fim do ano: o resultado do conflito entre Bolsonaro e o seu partido, PSL; como será recebida a Reforma Administrativa e a Reforma Tributária, a cargo do ministro da economia, Paulo Guedes; e a definição pelo STF sobre prisão em segunda instância, que pode alterar os rumos da operação Lava Jato.
Ricardo Ismael destacou para a Sputnik Brasil, que, em sua relação com o Legislativo, o Bolsonaro atingiu grandes progressos, que permitiram a aprovação da Reforma da Previdência.
"Na questão do Congresso Nacional foi a vitória da Reforma da Previdência. Obviamente não foi só Bolsonaro, ele teve apoio dos presidentes das duas casas [...] era uma agenda difícil que envolve muitos interesses e resistências", explicou o professor.
Além disso, o interlocutor da agência destacou a situação econômica do país que, apesar das expectativas, parece demonstrar sinais de recuperação.
"Termina-se o ano com a expectativa da economia melhor do que se imaginava no começo do ano. E claro a queda na taxa de juros fortalece a perspectiva de ampliar investimentos e alavancar a construção civil. Enfim, a inflação continua baixa, risco-país baixo. Embora o desemprego ainda esteja muito elevado [...] a economia está melhor do que as expectativas iniciais".
No entanto, apesar dos sucessos, o especialista apontou para uma certa instabilidade do presidente na hora da articulação política.
"A articulação política é muito errática, muito instável. Muitas vezes funciona, outras não. Como afinal de contas funciona essa relação com o Congresso? Isso ainda é uma questão não resolvida. Não há uma base governista estável como nos governos de FHC ou de Lula", alertou o professor.
Para ele o principal problema seria a forma intempestiva de Bolsonaro na gestão do governo. "É uma característica dele de criar problemas e embates, alguns deles absolutamente imaginários, uma guerra ideológica na cabeça dele, que alimenta as suas intervenções".
Assim, o governo muitas vezes "precisou apagar incêndios" provocados pelo próprio presidente.
Por outro lado, Ricardo Ismael acredita que o chefe de Estado pode acabar mudando de postura, como fez no caso das questões relacionadas ao meio ambiente.
"O presidente percebeu que tem a repercussão internacional que pode trazer graves consequências para o país nas relações comerciais. Então recuou na questão da Amazônia e começa dar mais atenção ao desastre no Nordeste, mas é ainda uma área que precisa encontrar um trilho, é uma questão de muita visibilidade na arena internacional", concluiu.
Ao pressionar o botão "Publicar", você concorda expressamente com o processamento de dados da sua conta no Facebook para permitir que você comente notícias no nosso site usando essa conta. Você pode consultar a descrição detalhada do processo de processamento na Política de Privacidade.
Você pode cancelar seu consentimento removendo todos os comentários publicados.
Todos os comentários
Mostrar comentários novos (0)
em resposta a(Mostrar comentárioEsconder comentário)