O professor de Relações Internacionais da Universidade Veiga de Almeida, Tanguy Baghdadi, em entrevista à Sputnik Brasil, classificou o veto da França no comitê do clima na Organização Para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) como "bastante grave" para a estratégia da política externa brasileira.
"É importante lembrar que quando a gente fala sobre uma decisão como essa do governo francês, a gente não está falando somente sobre a questão climática, a gente está falando sobre como a questão do clima pode impactar outros objetivos muito importantes da política externa brasileira. O primeiro deles é a aprovação do acordo entre o Mercosul e a União Europeia", destacou o especialista.
De acordo com ele, o segundo ponto é o que foi considerado como uma vitória do governo Bolsonaro durante a sua visita em Washington, quando os EUA prometeram apoiar a entrada do Brasil na OCDE.
"Se existe uma tendência do governo francês de bloquear e vetar a entrada do Brasil num dos órgãos da OCDE, eu fico imaginando qual não é a tentação francesa pra bloquear a entrada brasileira na própria OCDE. O Brasil comemorou muito o fato dos EUA terem apoiado, mas apenas o apoio norte-americano não garante a entrada brasileira na organização", argumentou Baghdadi.
Troca de farpas com França 'pode custar caro'
Ao comentar os impactos que a animosidade entre o Brasil e a França pode significar para a política externa brasileira, Tanguy Baghdadi disse que o antagonismo do governo Bolsonaro de se aproximar dos EUA pode prejudicar a inserção do país no cenário internacional.
"Faz parte do cenário externo do Brasil que comprar briga com a França não é exatamente uma boa ideia. A política externa brasileira acabou fazendo um antagonismo de 'vou me aproximar dos EUA, e com isso me afastar da França, do Emmanuel Macrón' [...] só que a França segue sendo um país muito influente, a França segue sendo um dos dois maiores países da União Europeia em termos de importância política e econômica", afirmou.
O professor de Relações Internacionais observou que os contatos com os países ricos não passam somente pelos EUA, portanto, a troca de farpas entre a França e o Brasil "pode sair bem caro" para a política externa brasileira.
"A gente está falando de temas que vão muito além da questão puramente ambiental, a questão ambiental acaba sendo muito mais um símbolo e acaba trazendo uma influência para toda estratégia brasileira de inserção internacional no governo atual", completou o especialista.
Ao pressionar o botão "Publicar", você concorda expressamente com o processamento de dados da sua conta no Facebook para permitir que você comente notícias no nosso site usando essa conta. Você pode consultar a descrição detalhada do processo de processamento na Política de Privacidade.
Você pode cancelar seu consentimento removendo todos os comentários publicados.
Todos os comentários
Mostrar comentários novos (0)
em resposta a(Mostrar comentárioEsconder comentário)