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Embaixador: Chirac gostava do Brasil, do churrasco e de feijão

© REUTERS / Patrick KovarikJacques Chirac
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Segundo Marcos de Azambuja, ex-embaixador do Brasil em Paris, o presidente francês nutria admiração e afeto pelo Brasil.

O ex-presidente da França, Jacques Chirac, faleceu nesta quinta-feira (26), aos 86 anos.

Jacques Chirac foi o 22° presidente francês. Ele nasceu em Paris, em novembro de 1932 e dedicou metade de sua vida à política, que iniciou em 1965, para ser nomeado primeiro-ministro, em 1974. Em 1977, Chirac foi eleito como prefeito de Paris, onde permaneceu até se tornar o presidente da República em 1995.

Em 2002, Chirac foi reeleito à presidência da República com 82,21% dos votos, permanecendo no cargo por 12 anos.

Para Marcos de Azambuja, conselheiro emérito do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri) e ex-embaixador do Brasil na França, entre 1997 e 2003, Chirac, acima de tudo, "era uma grande figura humana".

"Chirac tinha qualidades pessoais, calor humano, cordialidade. Era um líder carismático", disse o embaixador para Sputnik Brasil.

O seu estilo e pensamento, segundo o interlocutor da Sputnik Brasil, eram influência direta de Charles de Gaulle.

"Ele tinha com De Gaulle, que era seu patrono político, seu modelo de ação, uma vinculação muito importante", explicou o conselheiro do Cebri.

"Ele era um grande europeu [...] Para ele ser europeu poderia se combinar perfeitamente com ser francês", disse Azambuja, destacando o afinco do ex-presidente em manter a independência do seu país na arena internacional. O diplomata inclusive lembrou que Chirac não era muito popular nos Estados Unidos, por ter se oposto à invasão norte-americana do Iraque, em 2003.

Afinidades com Brasil

O mesmo, todavia, não se aplica ao Brasil, que sempre manteve boas relações com a França. E Chirac correspondia a admiração de Brasília, apoiando, inclusive, uma cadeira permanente para o Brasil no Conselho de Segurança da ONU.

"Ele tinha grandes afinidades com o Brasil. Ele gostava do Brasil. Gostava do Rio de Janeiro. Gostava da nossa comida. Gostava do churrasco. Gostava do feijão", lembra Azambuja.

"Era uma pessoa de uma informalidade surpreendente para um homem do seu tempo e da França. Ele tinha uma grande capacidade de comunicação. Tenho dele as melhores recordações, como Embaixador e como pessoa", completou o entrevistado.

Para o ex-embaixador, as relações entre o Brasil e França na época de Chirac eram excelentes. "Os países falavam de certa maneira uma mesma linguagem", com boas relações pessoais entre Fernando Henrique Cardoso e Chirac. Com exceção da agricultura, pontuou o diplomata.

"A França é o grande promotor das políticas europeias de proteção agrícola. E o Brasil é um grande produtor e exportador agrícola. Então entre nós na agricultura sempre houve um problema central".

Isso, no entanto, não impediu o florescimento das relações bilaterais em todos os outros setores. Para o diplomata, ao contrário do que acontece hoje em dia, a proximidade de Chirac ao Brasil foi fundamental.

"No tudo mais, cultura, política, aproximação diplomática, a relação era admirável. Eu presto a ele um tributo como um francês que tinha pelo meu país uma manifesta admiração e afeto", concluiu Marcos de Azambuja.

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