A expectativa é igualar ou superar a marca dos 1 milhão de manifestantes, registrados no primeiro ato no dia 15 de maio. Na ocasião, passeatas foram registradas em mais de 222 cidades no Brasil. De acordo com a presidente nacional da UNE, Marianna Dias, a entidade insiste na anulação do contingenciamento de 30% nos orçamentos das universidades e institutos federais do país, além de alertar sobre a "importância da educação para o momento de dificuldade que o Brasil tem passado", nas palavras dela.
"Na semana passada fomos até uma audiência pública no Congresso Nacional com a presença do ministro [da Educação, Abraham Weintraub] com a intenção de estabelecer um diálogo. Nós fomos brutalmente violentados pelos deputados da base do governo, o ministro se recusou a ouvir os estudantes. Falamos lá que se o ministro não quer nos ouvir em uma audiência pública, ele vai nos ouvir nas ruas e nossa voz vai ser multiplicada", diz a presidente em referência a um bate-boca durante audiência na Comissão de Educação.
A confusão começou quando a deputada Marcivania (PCdoB, mesmo partido de Marianna) ofereceu tempo de fala a representantes de entidades estudantis. Deputados do PSL se recusaram a ceder o microfone, iniciando uma confusão generalizada que terminou com o ministro Weintraub abandonando a sessão blindado por servidores.
Marianna diz que a UNE não faz previsão de número de participantes para a próxima mobilização na quinta, já que a coordenação e convocação dos atos não foi centralizada na entidade. A expectativa, porém, é superar o ato do dia 15 em tamanho.
"Acreditamos que a pressão popular pode transformar as coisas, até porque não há condição de governar um país se o povo está nas ruas pedindo que se mude posturas. Ainda que Bolsonaro e o ministro se mantenham a ignorar o que está acontecendo nas ruas, o país não é governado por reis. Só em um reinado a vontade do rei é absoluta, aqui vivemos em uma República e em uma democracia", defende.
A presidente da UNE também adianta que a mobilização é um ensaio para uma greve geral, já marcada para o próximo mês.
"Nossa forma de luta são os protestos, são as paralisações e no dia 14 de junho vamos construir no Brasil uma grande greve geral, cujo objetivo é parar a produção do Brasil para que o governo entenda ser necessário ouvir a população como garante a nossa Constituição ao afirmar que o povo é soberano", anuncia.
Diálogo entre reitores e ministério não reverteram corte, diz sindicato
Também apoiando os atos da próxima quinta, o Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes) conta que o governo federal até agora se mostra inflexível e não recua do contingenciamento previsto para este ano. Falando à Sputnik Brasil, o presidente da organização, Antônio Gonçalves não vê avanços significativos na questão até o momento.
"As notícias que nos chegam é que mesmo com a reunião entre o MEC e os dirigentes de ensino superior, de fato ainda não houve avanço no que tange à recomposição mínima do orçamento. Essas políticas podem inviabilizar o funcionamento de muitas instituições", preocupa-se. "Além de reuniões, o governo precisa mostrar que está sensível às reivindicações das ruas e rever os cortes para que continuemos funcionando. Nós viemos com um histórico de cortes desde 2014 e se forem feitos novos, isso inviabiliza o funcionamento das universidades".
Gonçalves explica que o bloqueio da verba atinge, em maior volume, as chamadas verbas discricionárias: o dinheiro disponível para o funcionamento da faculdade depois de deduzidos os pagamentos de salários de professores, servidores e aposentados.
"São recursos que garantem o funcionamento no dia a dia da universidade, como pagamento de água, luz, o salário de terceirizados, material de consumo. Os cortes têm sido tão intensos ao longo dos anos que estes recursos representam hoje apenas 14% do orçamento universitário, o que já é muito pouco para garantir o funcionamento do ensino superior", afirma.
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