O MAB – Movimento dos Atingidos por Barragens vem auxiliando vítimas da tragédia do rompimento da barragem de rejeitos do Córrego do Feijão, em Brumadinho, em Minas Gerais, desde quando a barragem se rompeu no dia 25 de janeiro levando a morte trabalhadores da mineradora Vale, moradores da cidade e turistas, que visitavam a região.
Joceli Andrioli, representante nacional do MAB, em entrevista à Sputnik Brasil, fez um comparativo da tragédia em Brumadinho com a de Mariana, tendo em vista o auxílio prestado às vítimas.
"A gente sabe que as mineradoras têm muito poder econômico, são os grandes financiadores das campanhas eleitorais, que elegem as assembleias legislativas, o Congresso Nacional, governadores, presidentes, e muitas vezes a representação política fica refém do capital econômico. Nós temos cobrado aqui para que não se repita o que aconteceu em Mariana, onde o poder público não tomou as providências cabíveis", destacou."Vários projetos que o MAB ajudou a construir, que estão paralisados, como é o caso do projeto de lei que garante a segurança das barragens, proibindo barragens perigosas, que tá parado na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, um projeto de lei que garantia o direito das populações atingidas, que até hoje não tem marco legal, que garanta a transparência, a participação, informação dessa população, e políticas claras de reparação. Esses projetos estão paralisados pelo lobby das mineradoras, e agora a gente está com muito medo, porque se repete novamente em Brumadinho essa relação de dependência da lógica política das mineradoras", alertou o representante do MAB.
Andrioli comentou as expectativas em relação ao processo de pagamento de indenizações e as obstruções que a Vale vem fazendo. Segundo ele, o MAB está tentando impedir que acordos sejam feitos entre a Vale a Justiça à revelia dos atingidos.
"A Vale está usando uma estratégia de parecer que está ajudando as famílias e achando que o dinheiro compra tudo. Nós defendemos que é importante ter esse recurso sim pras famílias nesse momento que elas estão vivendo, pra ter soluções mais ágeis. No entanto, alertamos o Ministério Público para estar muito explícito no recebimento desse recurso que é de fato uma doação. Tem que constar que é uma doação, porque depois a gente sabe, como foi em Mariana, que a empresa volta atrás dos acordos e tenta judicializar para reaver essa questão", frisou.
"No uso da propaganda fala-se como se todos os atingidos estivessem recebendo isso, mas não é. A Vale faz uma estratificação dessas pessoas", disse.
"Tem um assédio muito grande sobre os atingidos, porque a Vale orientou vários que agora estão como voluntários, mas são da Vale, e estão fazendo vários levantamentos no meio da população. Inclusive, criando situações muitas vezes para afastar os atingidos da organização legítima, que é o Movimento dos Atingidos pelas Barragens", denunciou o representante nacional do MAB.
De acordo com ele, outra prática prejudicial que a Vale estaria adotando seria a de enviar famílias para hotéis sem o consentimentos das vítimas, destacando que muitas pessoas não querem sair de suas casas.
"Tem muitas famílias com medo, porque a casa está comprometida mas ainda restaram os imóvei, e não querem ir para hotel. O hotel tem sido uma imposição da empresa muitas vezes. A empresa já começou a alugar casas, mas novamente sem a participação dos atingidos. Os atingidos devem escolher onde vão morar, e não a Vale apresentar uma lista e dizer onde é que os atingidos vão morar", completou.
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