Em entrevista ao site O Antagonista, Bolsonaro afirmou que o ex-policial militar Fabrício José de Queiroz – motorista do senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), filho do presidente eleito – realizou o repasse para uma conta de Michelle em razão de uma dívida contraída junto ao ex-capitão do Exército Brasileiro.
"Emprestei dinheiro para ele em outras oportunidades. Nessa última agora, ele estava com um problema financeiro e uma dívida que ele tinha comigo se acumulou. Não foram R$ 24 mil, foram R$ 40 mil. Se o Coaf quiser retroagir um pouquinho mais, vai chegar nos R$ 40 mil", declarou Bolsonaro ao site.
De acordo com Bolsonaro, Queiroz fez 10 cheques de R$ 4 mil para o pagamento da mencionada dívida. Contudo, o Coaf investiga operações suspeitas de R$ 1,2 milhão envolvendo o nome do ex-PM, conforme revelou o jornal O Estado de S. Paulo na última quinta-feira, e apontou um cheque compensado de R$ 24 mil para a futura primeira-dama.
Sem se pronunciar sobre o caso até então, o presidente eleito também procurou explicar o motivo de ter indicado a conta da mulher para receber a dívida que o assessor do filho teria com ele.
"Eu podia ter botado na minha conta. Foi para a conta da minha esposa, porque eu não tenho tempo de sair. Essa é a história, nada além disso. Não quero esconder nada, não é nossa intenção", acrescentou Bolsonaro, que explicou que Queiroz é seu amigo desde 1984, quando se conheceram na Brigada Paraquedista do Exército.
Até que o ex-PM se explique sobre as movimentações incompatíveis, Bolsonaro garantiu ter cortado relações com ele. Anteriormente, Flávio Bolsonaro também afirmou desconhecer as operações suspeitas envolvendo o seu agora ex-motorista.
Fabricio Queiroz trabalhou comigo por mais de dez anos e sempre foi da minha confiança. Nunca soube de algo que desabonasse sua conduta. Em outubro foi exonerado, a pedido, para tratar de sua passagem para a inatividade. Tenho certeza de que ele dará todos os esclarecimentos.
— Flavio Bolsonaro (@FlavioBolsonaro) 6 de dezembro de 2018
Mais cedo nesta sexta-feira, o futuro ministro-chefe da Casa Civil de Bolsonaro, Onyx Lorenzoni (DEM-RS), demonstrou irritação ao ser perguntado sobre o caso em uma coletiva de imprensa em São Paulo, onde participou de um encontro com empresários do LIDE, grupo que pertence à família do governador eleito de São Paulo, João Doria (PSDB).
"A gente precisa saber separar o joio do trigo. Neste governo é trigo, não dá para achar que esse governo vai ser igual ao do PT. Não é e nunca vai ser. A turma do mal está do lado de lá. O problema é que a aliança ideológica que se construiu no Brasil faz com que vocês queiram misturar um governo decente, que está apenas no seu alvorecer, com a lambança que o PT fez por 14 anos. O presidente [Bolsonaro] é um homem que não teme a verdade assim como eu não temo a verdade. A pergunta é onde que estava o cofre do mensalão", declarou.
Perguntado sobre a origem do dinheiro mencionado pelo Coaf, o parlamentar perdeu a paciência e devolveu com uma outra pergunta.
"Quanto o senhor recebeu esse mês? Essa pergunta não tem a menor relevância", completou, antes de abandonar a entrevista.
Em outro evento, o ex-juiz federal Sérgio Moro - futuro ministro da Justiça de Bolsonaro - evitou a imprensa para não opinar sobre o caso.
A promessa de acabar com a velha política do "toma lá, dá cá", com distribuição de ministérios e cargos em troca de votos, foi uma das plataformas defendidas com veemência por Bolsonaro. Entretanto, antes mesmo de assumir o presidente eleito já está sob pressão, a começar pela própria investigação contra Lorenzoni por uso de caixa 2 – irregularidade que o próprio já confessou em vídeo – que corre no Supremo Tribunal Federal (STF).
Por ora, Bolsonaro prometeu usar a sua caneta para demitir qualquer pessoa do seu governo que tenha provas robustas contra si.
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