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Documentário sobre o impeachment tem plateia torcedora com gritos de 'Lula livre'

© AP Photo / Andre PennerDilma Rousseff e Luiz Inácio Lula da Silva durante discurso do ex-presidente em frente ao Sindicato dos Metalúrgicos em São Bernardo do Campo, em São Paulo. Lula teve a prisão decretada pelo juiz Sérgio Moro.
Dilma Rousseff e Luiz Inácio Lula da Silva durante discurso do ex-presidente em frente ao Sindicato dos Metalúrgicos em São Bernardo do Campo, em São Paulo. Lula teve a prisão decretada pelo juiz Sérgio Moro. - Sputnik Brasil
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Mesmo longe do Maracanã, o documentário "O Processo" teve sua estreia no Rio de Janeiro durante o festival É Tudo Verdade 2018 na noite de terça-feira (17) com filas de dobrar o quarteirão e cores de Fla-Flu partidário.

O filme de Maria Augusta Ramos traz imagens de bastidores dos momentos que culminaram no afastamento de Dilma Rousseff (PT) da Presidência da República. A obra ficou em terceiro lugar na escolha do público entres os documentários da Panorama, principal mostra paralela do 68° Festival de Berlim — onde também foi ovacionada pela plateia. 

No tapete vermelho carioca, figuras como a deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ), o senador Lindbergh Farias (PT-RJ), o deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL), Chico Buarque e o Prêmio Nobel da Paz Adolfo Pérez Esquivel prestigiaram o evento. 

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Esquivel afirmou antes do início da sessão que a América Latina registrou "golpes de Estado brandos" em Honduras, Paraguai e, mais recentemente, no Brasil. Ele encabeça um movimento para indicar o ex-presidente Lula ao Prêmio Nobel da Paz.

Na tela, o filme mostra as figuras do impeachment de Dilma se revezando no microfone para atacar ou defender a petista. As falas de dois anos atrás foram aplaudidas ou vaiadas como se o documentário fosse transmissão ao vivo. O senador Aécio Neves foi recepcionado aos gritos de "réu", a advogada Janaina Paschoal foi chamada de "psicopata" e as falas desenvoltas do advogado de defesa de Dilma, José Eduardo Cardozo, foram alvo de longos aplausos. 

Ao fim da sessão, a plateia irrompeu o coro de "Lula livre".

O senador Lindbergh Farias afirmou que a percepção sobre o impeachment na população está mudando e que "o jogo está virando". Para ele, a prisão de Lula fortalece eleitoralmente o ex-presidente.

"O Lula sai muito fortalecido deste processo. Vamos registrá-lo candidato no dia 15 de agosto. A gente sabe que a candidatura dele pode ser impugnada. Mas se isso acontecer, eu acho que ele vai ganhar mais força ainda. E a gente tem condição de eleger alguém de esquerda para frear esse pacto, esse golpe, fazer um indulto ao Lula, reorganizar as instituições", disse Farias em entrevista à Sputnik Brasil. 

Também presente na sessão, o ex-chanceler Celso Amorim reafirmou que Lula é o candidato do PT para as eleições presidenciais: "Nosso candidato é o Lula. Vamos levar o Lula às últimas consequências". Amorim, que também foi ministro da Defesa de Dilma, disse que Lula é o "preso político mais conhecido do mundo". 

"O ex-presidente Ricardo Lagos, do Chile, ligou-me recentemente e disse: ‘estamos muito preocupados, porque esse golpe que está acontecendo no Brasil também pode acontecer em outros países sul-americanos'. E ele é um homem moderado — assim como o Lula, que ao contrário do que dizem é um homem conciliador, embora tenha uma visão firme de justiça social e autonomia do país", disse Amorim à Sputnik Brasil.

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Já após o fim da sessão e nas ruas de Botafogo, a contadora Elke Gibson caminhava para casa com uma bandeira do PT nas costas e um adesivo pedindo a volta de Dilma Rousseff. Ela afirmou que "O Processo" é um importante "registro histórico". "É surreal que uma presidente seja retirada do poder sem cometer crime nenhum, com esses requintes de crueldade, que o filme até não aborda, que foram requintes de crueldade machistas."

Sobre a cena inicial do filme, que mostra a Esplanada dos Ministérios dividida entre manifestantes pró e contra Dilma Rousseff, Elke acredita que a situação não deve mudar em breve:

"As pessoas falam muito em polarização, mas acho que não tem como não polarizar porque de um lado tem as pessoas que lutam por igualdade, justiça, e de outro — mas não é generalizado, não são todos — há pessoas de elite que estão interessada em manter seus privilégios. É uma questão de ódio de classe, não tem como dizer que a gente vai ficar do lado dessas pessoas."

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