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'Conflitos fundiários são os principais responsáveis pelas queimadas no Brasil'

© AFP 2023 / Lunae ParrachoDesmatamento volta a crescer na Amazônia
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O Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) divulgou informações da maior gravidade do ponto de vista da preservação ambiental: o Brasil encerra o ano de 2017 registrando um número recorde de queimadas desde 1999 quando teve início a série histórica do Instituto.

De acordo com o Inpe, até o fim da primeira quinzena de dezembro, foram registrados 272 mil focos de incêndio, número 46% superior ao de 2016 e acima do ano de 2004 que, até então, detinha o recorde com 270 mil focos. O cerrado superou a amazônia e registrou o maior número de biomas atingidos, com 75% de destruição de áreas protegidas.

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Para o geólogo Pedro Luiz Cortes, professor da USP (Universidade de São Paulo) e Mestre em Gestão Ambiental, os conflitos fundiários e a falta de fiscalização são os responsáveis diretos pela grande incidência de queimadas. Como os responsáveis não são punidos, a prática se repete.

"Grande parte das queimadas têm como pano de fundo os conflitos fundiários pela posse da terra. É sempre uma tentativa de expansão por áreas agrícolas, subtraindo-as às matas nativas. Há os conflitos pela posse e propriedade das terras, e os poderosos procuram sempre expandir seus domínios, quer para sua produção quer para a pecuária. Há também a questão do manejo. Infelizmente, há muita gente ainda que persiste na prática da queimada como forma de limpar o terreno após uma colheita e isso, muitas vezes, acaba saindo de controle."

Para Cortes, além das queimadas, outro fatores influenciam na degradação ambiental, como a prolongada seca que atinge o centro-norte do Brasil, segundo o professor da USP:

"Essas informações sobre a degradação não só na Amazônia como principalmente no Cerrado, elas têm a ver com a severa estiagem que vem afetando a região centro-norte do país. Na medida em que se comprometem as florestas e as matas nativas, ocorre também o comprometimento da capacidade dos biossistemas em absorver e reter água. Há então o comprometimento das nascentes com perda de vegetação e isso faz com que aumente o assoreamento dos cursos d'água. A estiagem também faz com que a água caída da chuva não tenha tempo de penetrar no solo porque a cobertura vegetal é muito tênue e, assim, a água evapora rapidamente. O pouco de chuva que cai nesta região é mau aproveitado por esses biossistemas pelo fato de eles estarem muito fragilizados."

Pedro Luiz Cortes também demonstra preocupação pelo fato de queimadas e secas produzirem ainda mais poluição já que o esvaziamento dos reservatórios induz à utilização das usinas termoelétricas movidas a carvão:

"A degradação, as queimadas, a estiagem tudo isso contribui para maiores emissões de gás estufa com efeitos poluentes e também, como há o comprometimento dos reservatórios em razão desta prolongada seca, eles perdem capacidade para abastecer as usinas hidrelétricas e isto leva à utilização das usinas termoelétricas, bem mais caras e poluentes porque são impulsionadas a carvão. O que temos feito, ao longo desses últimos anos, nada mais é do que adotar a carbonização de nossa matriz de energia elétrica."

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