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Aviação brasileira comemora Dia do Aviador com muitos desafios

© Elaine Thompson/APAutomação das cabines assegura mais segurança aos pilotos
Automação das cabines assegura mais segurança aos pilotos - Sputnik Brasil
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O Brasil comemora nesta segunda-feira, 23, o Dia do Aviador, com números expressivos e muitos desafios à frente. Com cerca de 20 mil aeronaves, a frota brasileira só fica atrás dos Estados Unidos, é a maior da América Latina, sendo também o terceiro mercado mundial de jatos (o segundo é a China).

A data é celebrada pelo primeiro voo realizado por Alberto Santos Dumont, considerado o pai da aviação brasileira, com seu modelo 14 Bis, em Paris, o primeiro a decolar e aterrissar com autopropulsão. Dois pioneiros brasileiros são o pernambucano Severino Lins, que realizou o primeiro voo comercial no país em 1931, a bordo de um monomotor Junkers F13 na rota Corumbá-Cuiabá, em Mato Grosso. Entre as mulheres, a pioneira foi a paulista Tereza de Marzo, que conseguiu seu brevê em 1922, mas que não chegou a voar comercialmente. Após o casamento, seu marido, instrutor de voo, a proibiu de seguir carreira.

Apesar da pujança deste mercado, a aviação civil brasileira ainda tem alguns desafios. Um deles, por exemplo, é o ainda relativamente alto custo para formação de pilotos e o da paridade de gênero entre esses profissionais. Dos quase 14 mil pilotos formados no país, cerca de 200 são mulheres, proporção bem abaixo da média global.

Na indústria, contudo, o Brasil é hoje referência na indústria aeronáutica global, principalmente no nicho de jatos de 70 a 120 lugares, onde a Embraer é a terceira maior fabricante de jatos, atrás apenas da Boeing e da Airbus e disputando espaço com a canadense Bombardier, com quem trava, há vários anos, disputa na Organização Mundial do Comércio (OMC) por questões de subsídios de governo. Fundada em agosto de 1969 e privatizada em 1994, a empresa tem hoje 17 mil empregados (oito mil diretos), tem planos de vender 3.700 aeronaves nos próximos 20 anos e investe em novos mercados, como na China, onde detém 80% do nicho de aviação regional.

Em entrevista exclusiva à Sputnik Brasil, o diretor da EJ Escola de Aviação Civil, Edmir Gonçalves, afirmou que, após dois anos difíceis para o trabalho de pilotos no Brasil, devido à crise econômica, o mercado nacional dá mostras de reaquecimento, com empresas como Latam, Gol, Azul e Avianca anunciando contratações. Segundo ele, o mercado vem crescendo também em segmentos como aviação executiva e, em especial, nos voos do agronegócio.

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"O Brasil é um país de dimensões continentais, por isso a aviação é tão importante. Tivemos no pós-guerra tanto quanto os Estados Unidos em rotas cobertas pela aviação. Depois foi diminuindo e hoje o país tem poucas cidades servidas, mas a tendência é aumentar", diz o especialista. 

Nos anos 50, o Brasil chegou a ter 16 companhias brasileiras em operação, embora algumas com apenas dois ou três aparelhos. Nomes emblemáticos, porém, até hoje são lembrados no mercado como Varig, Vasp, Panair, Transbrasil, Cruzeiro e Lloyd.

Gonçalves lembra que em 2013 houve uma grande demanda por pilotos, com cada uma das quatro grandes empresas admitindo 450, 500 pilotos cada. Ele observa que muitos pilotos brasileiros hoje trabalham em grandes companhias, principalmente na Ásia e no Oriente Médio. Apesar disso, ele prevê um 2018 com um quadro bem mais positivo diante da retomada da economia. Na sua avaliação, a estabilidade do dólar ajuda muito a aviação, onde tudo é dólar — o único custo em real é o combustível. 

O diretor da EJ Escola de Aviação Civil se mostra otimista com a retomada da economia a partir do ano que vem. "Adquirimos quatro aviões, e hoje nossa frota chega a 104 aparelhos, entre monomotores, bimotores e um jato, dos quais 75 operacionais, e o restante em manutenção."

A igualdade de gêneros, porém, ainda não é realidade entre pilotos no Brasil. Com cerca de 14 mil habilitados, apenas cerca de 200 são mulheres, o que coloca o Brasil muito abaixo da média mundial. Gonçalves nega haver discriminação no mercado e garante que as mulheres vêm ganhando participação. 

"A tendência é mudar esse quadro. Na EJ, por exemplo, temos cinco instrutoras de voo. Já tivemos outras instrutoras que hoje trabalham como comandantes na Azul, na Gol”, diz ele, lembrando que a extinta Vasp foi a primeira companhia aérea brasileira a contratar uma mulher comandante, a Arlete Joukowski. "Mês a mês vem aumentado a procura de mulheres para o curso de piloto."

Com relação ao custo para formação de pilotos, Gonçalves diz que, em média, o curso completo leva oito meses com um custo total em cerca de R$ 120 mil., até o nível de poder disputar um emprego, já com a conclusão do voo por instrumentos. Cada empresa tem uma política própria de contratação: algumas exigem um mínimo de 200 horas, outras 500 e ainda outras com mil. O meio de atingir essas horas é sendo instrutor de voo. Concluídas todas as etapas do curso, o aspirante a piloto faz uma prova online junto à Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) e, aprovado, é encaminhado para testes de capacitação física e de saúde em clínicas determinadas pelo órgão.

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Outro segmento que aposta na reativação da economia a partir de 2018 é o da aviação executiva. O diretor da Airways International, uma das maiores consultorias do ramo no país, Marcos Abitbol, diz que o Brasil é o segundo maior mercado não só pelo número de aeronaves, mas pela infraestrutura de aeroportos, manutenção e pessoal qualificado. Ele destaca o crescimento das empresas regionais, de taxi aéreo e de serviços offshore nas plataformas de petróleo. Preços, no entanto, fazem desse segmento um nicho para poucos.

"O volume de aeronaves que tem tido procura a nível de importação são dos EUA, embora a Embraer hoje seja um grande fornecedor desse mercado executivo, coisa que há 15 anos não  existia. As importadas são basicamente usadas na faixa de US$ 8 milhões a US$ 19 milhões", diz o diretor da Airways International.

Abitbol observa que os turboélices são um segmento menor e operam na região central do país e com valores mais diversificados, dependendo do ano de fabricação, variando de US$ 800 mil a US$ 1,2 milhão. Entre os helicópteros, segundo ele, a maior importação é de modelos italianos na faixa de US$ 7 milhões a US$ 8 milhões.

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