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Tiros, prisões, abusos e medo: ação com militares na Rocinha não tem prazo para terminar

© REUTERS / Ricardo MoraesArmed Forces take up position during a operation after violent clashes between drug gangs in Rocinha slum in Rio de Janeiro, Brazil
Armed Forces take up position during a operation after violent clashes between drug gangs in Rocinha slum in Rio de Janeiro, Brazil - Sputnik Brasil
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Cinco detidos, 16 fuzis e 12 granadas apreendidas em um ambiente de muito medo e abusos. A operação com a participação de 950 homens das Forças Armadas na comunidade da Rocinha, na zona sul do Rio de Janeiro, entrou em seu segundo dia e, de acordo com as autoridades, não tem prazo para acabar.

"Os resultados desta madrugada mostram que estamos no caminho certo", afirmou o general Mauro Sinot, coordenador das operações das Forças Armadas no Rio, na manhã deste sábado, em entrevista no Centro Integrado de Comando e Controle (CICC) da secretaria de Segurança.

Poucas horas antes da coletiva, novos tiroteios foram registrados na Rocinha ao longo da madrugada. O trânsito na Autoestrada Lagoa-Barra chegou a ser fechado por uma hora. Assim, o medo permanece na comunidade onde vivem mais de 180 mil pessoas, e que vive uma guerra pelo controle do tráfico desde o último domingo.

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Entre os homens presos durante a operação está Luiz Alberto Santos de Moura, conhecido como Bob do Caju. Ele é acusado de ter planejado a invasão à Rocinha, no último domingo, a mando do ex-chefe do narcotráfico na favela, Antônio Francisco Bonfim Lopes, o Nem, que está preso em um presídio de segurança federal.

Segundo o secretário de Segurança do Rio, Roberto Sá, todas as armas apreendidas teriam sido usadas pelos traficantes que participaram da ação no domingo.

"Cada arma destas tira vidas. Este ano, estamos aprendendo dois fuzis por dia. Se conseguirmos com esforço de todos fazer com que estes criminosos não tenham acesso a estas armas, a possibilidade de guerra diminui. Porque ninguém tenta tomar um morro com pistolas", destacou.

Denúncias x moradores

Sá também pediu neste sábado a ajuda dos moradores da Rocinha, para que denúncias sejam feitas e ajudem as autoridades a chegarem aos traficantes que estão escondidos na área. Ele negou ter informações seguras de que o atual líder do crime no local, Rogério Avelino da Silva, o Rogério 157, esteja na favela.

"Sabemos que há criminosos na área de mata, mas não sabemos quem e nem quantos. Há muito boatos, e peço as pessoas que não divulguem boatos. Vamos checar todas as informações, mas pedimos aos moradores da Rocinha que denunciem", comentou o secretário, que disse ainda que não enviou ao Judiciário o pedido para revistar as casas de moradores, ou que policiais estejam fazendo isso.

Todavia, moradores da Rocinha denunciaram que casas estão sendo arrombadas por militares, na busca por armas, drogas e criminosos. Nas redes sociais, é possível encontrar vários relatos sobre abusos que estariam sendo cometidos pelas forças que ocupam a comunidade. Sem mandados, os agentes não poderiam invadir as residências.

Já o que as autoridades do Rio puderam confirmar foram o pedido de prisão de pelo menos 17 traficantes, autorizado pela Justiça neste sábado. Entre eles está o nome de Celso Luiz Rodrigues, o Celsinho da Vila Vintém. Ele é um dos fundadores da facção Amigos dos Amigos (ADA), que domina a favela de São Conrado, e cumpre pena no Complexo de Gericinó.

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Além de Celsinho, também tiveram as prisões decretadas Emerson Brasil da Silva, o Raro, chefe do tráfico da Pedreira, em Costa Barros, na zona norte do Rio, e Leonardo Miranda da Silva, o Léo Empada, apontado como o homem designado pela facção para chefiar o bando que saiu do São Carlos para retomar a Rocinha.

Desde o início dos conflitos na Rocinha, quatro pessoas morreram. Uma delas foi identificada como Thiago Fernandes da Silva, enquanto outras seis pessoas ficaram feridas. Além disso, foram dez presos - já contando com os cinco das últimas 24 horas. Além deles também foram presos Edson Gomes Ferreira, Wilklen Nobre Barcellos, Fabio Ribeiro França e Edson Antônio da Silva Fraga - que se entregou.

A Rocinha vive em clima de guerra desde o último domingo, quando o bando do traficante Nem da Rocinha, que está preso, entrou na comunidade para retomar os pontos de venda de drogas. Segundo as autoridades, a ordem para a invasão saiu de dentro da prisão onde Nem está preso, em Rondônia, há um mês.

Na sexta, após seis dias de operações, o governo do estado solicitou a ajuda do Exército, que fez com cerco à favela com 950 homens.

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