A avaliação é do diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (Cbie), Adriano Pires que, em entrevista à Sputnik, considerou positivos os pontos do acordo anunciado entre a Petrobras é a instituição chinesa. A cooperação com o banco de fomento vai assegurar também financiamento e leasing de plataformas de petróleo bem como investimentos conjuntos em exploração e refino. No fim do ano passado, a estatal tomou financiamento de US$ 5 bilhões pelo prazo de 10 anos, que poderá ser saldado em dinheiro ou petróleo.
Para Pires, o negócio é bom para ambas partes. Do lado da Petrobras, assegura entrada de recursos em um momento em que a empresa tem dificuldades de caixa para fazer novos investimentos. Do lado chinês, os empréstimos beneficiarão companhias chinesas que vão prestar serviços ou vender equipamentos à Petrobras. Isto por que o governo brasileiro reduziu em 50%, em média, a exigência de conteúdo local nas novas contratações de equipamentos utilizados pela indústria de petróleo na exploração de novas áreas.
"A Petrobras foi dizimada pelo PT, e hoje está sendo administrada pelo Pedro Parente calcada em quatro pontos importantes: nova política de preços, plano de desinvestimento, um capex (quantidade de dinheiro gasto na compra de bens de capital) mais eficiente e redução de custos, já que mandou muita gente embora, principalmente terceirizados. Ela está tentando melhorar. A dívida, que estava na casa dos US$ 100 bilhões, está em US$ 89 bilhões e em real caiu muito mais porque você tem o efeito câmbio, mas a dívida continua sendo o principal problema", diz o diretor do Cbie.
Pires observa que os chineses mostram uma estratégia muito forte de entrar na América Latina, principalmente na área de energia e infraestrutura, além de já serem, hoje, os maiores importadores de petróleo do Brasil, ultrapassando os americanos. Outro ponto que ele destaca como positivo é o alongamento da dívida que a empresa vem conseguindo, de 7,8 para 7,4 anos.
"O chinês tem uma lógica diferente de um banco privado, de geopolítica de mais longo prazo e de lastrear dívida em barril. O principal objetivo deles é mandar equipamentos, serviços para os países, aumentar empregos aqui e lá. O ideal é que a Petrobras não estivesse nessa situação. É um perigo você se expor excessivamente a um único credor. Hoje um fator primordial para a Petrobras é o câmbio, mais importante até que o preço do próprio barril de petróleo. Se o câmbio for para R$ 3,7, R$ 3,8, você quebra a Petrobras. O resultado positivo da Petrobras no segundo trimestre é muito em função de câmbio", finaliza Pires.
No segundo trimestre deste ano, o balanço da empresa mostrou lucro líquido de R$ 316 milhões, queda de 14,6% em relação ao segundo trimestre de 2016, e recuo de 93% em relação ao período de janeiro a março deste ano. Ainda assim, foi o terceiro trimestre consecutivo de números no azul. Já com relação à economia com corte de pessoal, a empresa reportou uma redução de 18% no efetivo para um total de 62.152 funcionários.
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