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Inadimplência: cuidado, você pode ser o próximo da lista!

© Marcos Santos/USP Imagens/Fotos PopularesFamílias brasileiras continuam com elevado endividamento
Famílias brasileiras continuam com elevado endividamento - Sputnik Brasil
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Terminou nesta quarta-feira, 31, o prazo para que clientes e bancos renegociarem suas dívidas pela Internet. A iniciativa fez parte da 4ª Semana Nacional de Educação Financeira, iniciativa do governo para reduzir a inadimplência no país que se encontra no mais altos índices dos últimos anos.

Em 2016, a iniciativa atendeu a 3.034 casos, com um percentual de resolução dos conflitos de 79,5%. De lá para cá, com o aumento do desemprego, hoje na casa dos 14 milhões, o quadro se agravou a ponto 39% das famílias brasileiras estarem negativadas junto aos órgãos de controle de crédito. Em maio, segundo dados do Serviço de Proteção ao Crédito Brasil (SPC-Brasil), o percentual de famílias endividadas chegou a 57,6%. No final do primeiro trimestre, esse contingente somava 59,2 milhões de brasileiros. Só entre janeiro e março houve a inclusão de 900 mil novos nomes nas listas de inadimplência, ou seja, com contas em atraso há mais de 90 dias.

Em entrevista exclusiva à Sputnik Brasil, a economista-chefe do SPC-Brasil, Marcela Kawauti, admite que o quadro é grave.

"A inadimplência do consumidor continua num patamar muito alto. A maior parte é de dívidas bancárias, daí a importância desse tipo de renegociação. Quando a gente fala da renegociação online, ela ganha muita força nesses últimos tempos porque é um tipo de renegociação muito fácil de ser feita, porque o consumidor consegue acessar de casa. É é um tipo de negociação em que o consumidor não se expõe. Quando ele precisa negociar com o credor, cara a cara, ele acaba se expondo e sabe que muitas vezes a inadimplência gera um sentimento de vergonha", diz a presidente do SPC-Brasil.

Ainda com relação à inadimplência, Marcela observa que o grande vilão continua sendo o cartão de crédito, mesmo com as novas regras que entraram em vigor em abril, prevendo que o não pagamento integral da fatura do cartão, na data de vencimento, exige que a instituição financeira ofereça outro parcelamento ao cliente. O objetivo do governo é reduzir as taxas de juros do rotativo dos cartões, que giravam em torno de 490% ao ano. 

Para se ter uma ideia do porte das operações de crédito no Brasil, os números do Banco Central falam por si. Mesmo com uma queda de 0,2% em abril ante março, o estoque total de operações de crédito do sistema financeiro atingiu R$ 3,07 trilhões. Em 12 meses, a baixa é de 2,2% e no acumulado deste ano, de 1,1%. O estoque do crédito livre para pessoas físicas em abril recuou 0,4%, queda de 0,3% no ano e pequena alta de 1,2% em 12 meses. Traduzindo para o português: menos gente tomando empréstimo.

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Índices de inadimplência não param de crescer no Brasil

Marcela lembra que o alto grau de endividamento não se deve apenas ao desemprego, mas também ao crédito fácil, de três, quatro anos antes da crise econômica em que se tomava crédito com muita facilidade e que não foi acompanhado pela educação financeira do consumidor. 

"Os consumidores tomavam muito crédito, muitas vezes um crédito muito caro e acabavam não conseguindo pagar porque não fizeram uma análise prévia da forma como deveria ser feito. Esse crédito fácil levou a esse momento que estamos vivendo de inadimplência", explica a executiva.

Outro risco ressaltado pela presidente do SPC-Brasil é o aumento expressivo do números de bancos e instituições financeiras que estão operando exclusivamente pela internet na oferta de financiamentos. Na visão de Marcela, com uma recuperação da economia, a tendência é o consumidor voltar a se endividar, o que pode gerar a explosão de uma nova bolha de crédito, aumentando outra vez os índices de inadimplência. 

"Como tudo na vida tem um lado bom: a facilidade que a internet traz em tomar crédito, ms se não fora acompanhada pela educação financeira o consumidor não vai saber distinguir o joio do trigo, o crédito muito caro do mais barato. Aí a gente pode, sim, quando as finanças do consumidor voltarem a ficar mais tranquilas, a ter um problema de inadimplência mais à frente", diz Marcela.

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