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Incrível: arte de meme vira ciência no Brasil

© REUTERS / Ueslei MarcelinoEx-presidente do Brasil, Dilma Rousseff
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Pesquisadores de uma universidade brasileira criaram um museu virtual de memes com uma análise acadêmica sobre "um novo gênero midiático" que vai além do sentido de humor e do manejo técnico de edição de imagens.

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Memes da crise: Rumores sobre renúncia de Temer paralisam redes sociais
Com cada novo episódio da crise política no Brasil, os internautas do país explodem nas redes sociais com uma infinidade de imagens e animações. Tal é a rapidez com que são publicadas e viralizam, que parecem ter sido tiradas instantaneamente de uma pasta de arquivos, como se já estivessem prontas antes do próprio fato.

"É muito difícil a gente encontrar uma terminologia precisa […] Eu costumo fazer uma leitura, autores da Escandinávia classificam memes com 'um novo gênero mediático' e eu me aproximo bastante dessa classificação. Há de reconhecer que temos novos gêneros mediáticos a surgir. Não basta apenas saber manipular imagens no Photoshop. Não é algo meramente técnico, há que ter uma camada semântica, pois a gente precisa entender a piada e a referência feita. Isso é uma nova forma de letramento", explicou à Sputnik Mundo Viktor Chagas, coordenador do Museu de Memes da Universidade Federal Fluminense (UFF), do Rio de Janeiro.

No site do Museu virtual, "meme" se define como "um fenômeno típico da Internet, que pode se apresentar como uma imagem ou uma analogia, uma frase de efeito, um comportamento difundido, um desafio. Os memes são geralmente de curta duração, mas no #MUSEUdeMEMES se transformam em memória". Além disso, a página diz que a palavra vem de "uma abreviação do vocábulo grego 'μίμημα' [míːmɛːma]", que significa 'imitável'.

A plataforma foi lançada, em meados de 2015, como um espaço virtual para reunir trabalhos acadêmicos, estudos de casos e bibliografia que pudesse servir de referência para pesquisadores de todo o mundo. Para isso, o projeto começou quatro anos antes, já que implicava construir todo um arquivo do zero.

"A ideia do museu, ela surgiu um pouco dessa experiência, que gente chama de ‘memeclub'. A gente começou com uma espécie de seminário acadêmico com alunos apresentando o trabalho sobre memes, a gente começou discutir alguns temas, a gente começou discutindo, por exemplo, narrativa, relação entre memes e esporte, relação entre memes e eleições, as pessoas que viram celebridade do dia para noite", contou Chagas, que também é docente do departamento de Mídia e Estudos Culturais da UFF.

De acordo com o coordenador, a documentação prévia resultou em um arquivo com trabalhos de Israel, China e Rússia, por exemplo, que abordam os memes nas mais diversas áreas, como a filosofia e a economia, entre outras. Em sua opinião, o museu transcende "o engraçado" e cumpre um papel de "divulgação científica", o que contribui para a pesquisa em várias linhas de estudo.

​No seu caso, Chagas se dedica à investigação política, e seu trabalho mais recente analisou o chamado "ativismo de sofá" durante os dias que antecederam a votação do Senado Federal, em maio do ano passado. Esta sessão parlamentar permitiu que Michel Temer ascendera à Presidência da República de forma interina, enquanto o Congresso realizava o julgamento da então presidente Dilma Rousseff, eleita popularmente, em 2014.

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Prisão de Eike Batista é marcada por memes e piadas na internet
O pesquisador observou a ação coletiva do "vomitaço", através do qual os internautas manifestaram seu repúdio à página no Facebook do partido de Temer, o PMDB, com um emoji de vômito, em alusão ao desgosto que o episódio lhes gerava. Chagas identificou em torno de 540.000 publicações do referido emoji naquele momento.

"Se trata de uma grande mobilização política virtual que repercutiu e causou um impacto, a tal ponto que o Governo Temer, na época interina, tentou negociar com Facebook alguma forma de censurar ou conter esse tipo de ações", contou o pesquisador.

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