Para o professor de Relações Internacionais Maurício Santoro, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, "a medida adotada pelo Governo Peruano revela uma nítida extensão da Operação Lava Jato". O confisco peruano afetou empresas construtoras como Odebrecht, Queiroz Galvão e OAS, de acordo com informações divulgadas pelo site de jornalismo investigativo Ojo Público.
De acordo com esta fonte, "o Governo e o Ministério Público do Peru estão aumentando sua atuação na Operação Lava Jato". Por meio desta atuação, Governo e promotores conseguiram de executivos da Odebrecht a admissão de que entre os anos de 2005 e 2014 a empresa despendeu US$ 29 milhões em propinas para assegurar sua vitória nos editais de licitação para realização de grandes obras públicas de infraestrutura no Peru. O período abrange os Governos de três presidentes peruanos: Alejandro Toledo (2001-2006), Alan García (2006-2011) e Olanta Humala (2011-2016).
Para o especialista Maurício Santoro, isto demonstra que todos os Governos civis do Peru, depois da redemocratização do país, estão sob suspeita de irregularidades e corrupção:
"Havia uma fragilidade muito grande na cooperação internacional para que tais práticas [a corrupção entre empresas privadas e Governos] pudessem acontecer. Isto começou a mudar na semana passada, quando um grupo de procuradores do Brasil e de vários outros países decidiu montar uma força tarefa que irá investigar práticas delituosas de empresários e funcionários públicos, e adotar as medidas pertinentes".
Na opinião de Santoro, o que aconteceu no Peru é emblemático e deixa uma grande lição:
"Creio que pela primeira vez a opinião pública nacional e internacional toma conhecimento de que no Peru a alta cúpula política esteve envolvida em denúncias de corrupção. Três presidentes, desde a redemocratização do país, estão sob suspeita e investigação. Isto é muito grave. É como se um terremoto tivesse passado pela vida política do país."
Com estas revelações e medidas punitivas adotadas pelo Governo peruano, poderá estar mudando o relacionamento entre empresas privadas e autoridades? O Professor Maurício Santoro acredita ser possível: "É um caminho muito longo a percorrer até lá. Mas é preciso também que a sociedade seja mais participativa e fortaleça seu poder de fiscalização em relação aos empresários e agentes públicos."
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