Os profissionais defendem o atendimento médico gratuito e de qualidade para todos os cidadãos e que a medicina não deve estar a cargo de interesses financeiros.
Em entrevista para a Sputnik Brasil, um dos coordenadores do movimento no Rio de Janeiro, o médico Renato Penha de Oliveira Santos explicou que o movimento social surgiu em 2014 diante das discussões das eleições presidenciais e de uma necessidade de lutar pela permanência do programa Mais Médicos, do Governo Federal, que possibilitou a ampliação do atendimento em favelas, periferias e regiões com altos índices de pobreza, através das Clínicas de Família. A partir do programa a classe médica se dividiu entre os que defendiam a saúde pública e os que defendiam os interesses privados. "Nós percebemos que estava um clima de polarização política e dentro da categoria médica teve posicionamentos muito conservadores, contrário ao programa Mais Médicos e posicionamentos não muito em prol da defesa da saúde pública. Um grupo de médicos ligados a movimentos sociais, como o próprio Movimento dos Sem-Terra começaram a se reunir para fazer um contraponto a esse conservadorismo."

Segundo o médico, a ideia da Rede é unir forças entre esses profissionais que atuam no SUS não só para o atendimento à população, mas também discutir, participar de mobilizações e apresentar propostas para o fortalecimento do setor da saúde no país.
"Eles trabalham para o Sistema Público de Saúde e defendem que o Sistema seja fortalecido, que todos tenham acesso ao Sistema e que esse acesso seja de qualidade, que esse atendimento consiga atender a todas as expectativas da população, que teoricamente isso já está garantido na Constituição Brasileira de 1988. No entanto, na prática percebemos muitas dificuldades para executar isso."
Renato destaca ainda a importância de muitos desses profissionais que além do seu trabalho diário como médicos atendendo as doenças da população, lutam para que a saúde pública seja vista de forma mais ampla, envolvendo o cidadão,com o ambiente social e político onde ele vive. O médico citou como exemplo o trabalho realizado por médicos que foram auxiliar no atendimento às famílias da cidade de Mariana, em Minas Gerais que sofreu uma catástrofe ambiental, com o rompimento da barragem da mineradora Samarco.
"Muitos desses médicos são ativistas políticos, são militantes de movimentos sociais e muitos outros viram a necessidade de se organizar frente a esse verdadeiro desmonte que vem sofrendo as políticas públicas no Brasil. Muitos desses médicos além de fazer o atendimento na rede pública e eventualmente em convênios com a rede privada, eles sempre estão participando de fóruns, debates, escrevendo textos, fazendo reuniões, dando apoio para movimentos sociais. Um exemplo disso foi o desastre de Mariana em que foi uma brigada de médicos para lá ajudar a fazer um diagnóstico sanitário do local, os impactos que teve na saúde daquela população e que políticas públicas poderiam ser construídas para enfrentar aquela dificuldade. Com isso, nós acabamos capilarizando mais os nossos trabalhos."
Para Renato a população precisa defender as políticas públicas e assim como esses médicos que compõem a Rede Nacional de Médicas e Médicos Populares lutar contra os retrocessos sociais e defender a democracia. "Nós entendemos que a sociedade precisa defender as políticas públicas, defender que o Estado esteja a serviço de todos, mas principalmente dos menos favorecidos, dos excluídos e nesse sentido a saúde pública é primordial, tendo uma noção de que a saúde não é única e exclusivamente ter uma rede assistencial de saúde com os postos funcionando, com os hospitais, os centros de atendimento psicossocial, mas também significa ter políticas de saneamento básico,que as pessoas tenham a possibilidade de ter lazer, transporte público de qualidade, uma alimentação saudável. Todos esses aspectos, nós consideramos que sejam fundamentais para nós temos uma sociedade mais saudável."
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