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No Espírito Santo, um governador com a cabeça a prêmio

© Tânia Rêgo/Agência BrasilServidores pedem impeachment de governador do ES
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Após quase duas semanas imerso em caos social, a situação parece voltar ao normal no Espírito Santo, após o reforço de tropas do Exército e da Força Nacional. A crise, porém, esta longe de ser resolvida. Os servidores deram entrada, nesta quarta-feira, 15, no pedido do impeachment do governador Paulo Hartung (PMDB).

O pedido foi protocolado na Assembleia Legislativa pelo Sindipublicos, entidade formada por mais sete organizações de servidores, entre eles o sindicato do Poder Judiciário, de policiais civis, do Ministério Público Estaual e os da área de saúde e educação. Na justificativa, o governador é acusado de ser o responsável pelo caos em que mergulhou o estado. Boletim divulgado pela Secretaria Estadual de Segurança nesta quarta-feira informa a ocorrência de 143 homicídios na Grande Vitória de 4 a 13 deste mês. Ao contrário do que é mostrado na maioria da mídia, porém, a situação está longe da tranquilidade, segundo informou à Sputnik Brasil o presidente do Sindipublicos, Ailson de Oliveira.

"A situação não é de normalidade, estamos vivendo de aparências, porque os transportes coletivos continuam restritos, funcionando apenas até às 10 hora da noite. Nem o governo está seguro que a própria população possa sair às ruas. Em razão disso, fizemos um movimento de passeata hoje, ironizando o carnaval pelo qual está passando o Espírito Santo em termos de administração pública. Ao final do movimento, a gente foi até a Assembleia Legislativa protocolar mais um pedido de impeachment do governador Paulo Hartung (PMDB)", diz o dirigente. 

Um agente guarda a entrada da sede da PM em Cachoeira do Itapemirim, ES, enquanto moradores protestam contra a greve policial, que levou ao caos no estado, em 7 de fevereiro de 2017 - Sputnik Brasil
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Espírito Santo inicia demissões de PMs grevistas

Oliveira lembra que no ano passado a entidade já tinha protocolado um outro pedido de impeachment por conta da opção do governo do estado de fazer isenções fiscais para grandes empresas financiadoras de campanha em detrimento da aplicação de recursos em políticas públicas, bem como aquilo que está determinado na Constituição, que é a revisão anual de salários. Segundo o sindicalista, pioraram muito as condições de trabalho dos servidores, principalmente nas áreas de educação, saúde e segurança. 

"Infelizmente, por uma decisão política, o presidente da Assembleia, Ricardo Ferraço (PSDB), arquivou o pedido alegando que já havia ações no Poder Judiciário."

O presidente do Sindipublicos diz que o governo vem cortando verbas importantes, como na área dos técnicos de agricultura, que têm apenas R$ 120 de gasolina para se locomoverem no mês, enquanto mantém gaastos com verbas publicitárias e a política de incentivos fiscais para empresas financiadoras das campanhas eleitorais. 

Com relação à expectativa de que o impeachment possa ser aprovado na Assembleia, Oliveira se diz realista.

"Pelo perfil da política capixaba, que é uma política das elites, onde a questão da independência dos poderes é apenas no papel, a gente acredita que possa não avançar. Temos só um propósito: vamos continuar infernizando a vida do governo até que alguma coisa altere. Também estamos denunciando o Estado do Espírito Santo nas cortes internacionais, inclusive a OIT (Orgaização Internacional do Trabalho) e a OEA (Organização dos Estados Americanos)."

Quanto ao cenário após o retorno das Forças Armadas e da Força Nacional de Segurança, o dirigente diz que a polícia capixaba tem condições de assegurar a segurança da população.

"Se der condições de trabalho, acredito que os policiais podem cumprir o seu papel. A vinda das Forças Armadas foi para dar uma resposta, para dar essa falsa sensação de segurança. Na verdade, a periferia não está sendo atendida, onde se necessita ter mais segurança. O Exército e a Força Nacional estão aparecendo nas vitrines. É óbvio que isso possa até intimidar os bandidos, mas não significa que podemos ficar tranquilo", diz Oliveira.

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