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Campanha publicitária do governo sobre segurança no trânsito dá um tiro no próprio pé

© PRF-MT/SPGente boa também mata
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O que era para ser mais uma simples campanha educativa no trânsito se transformou em uma grande polêmica nas redes sociais, depois que o governo, através do Ministério dos Transportes, veiculou anúncios com o mote 'Gente boa também mata', criada pela agência Nova/sb.

Na terça-feira, o governo divulgou uma nota em defesa dos anúncios, afirmando que "o alerta que se faz é que não apenas o motorista esteriotipado como inconsequente provoca acidentes. Mesmo que involuntariamente, qualquer cidadão pode provocar acidentes graves e até mortes no trânsito com pequenas atitudes como mandar um whatsapp enquanto conduz, desviar atenção das ruas ao trocar a música do rádio ou fazer uma ultrapassagem em locais de risco, sem visibilidade", diz a nota.

A campanha criada pela Nova/sb, veiculada em vídeos e cartazes, traz frases como "Quem planta árvores pela cidade", "Quem faz trabalhos voluntários", "Quem resgata animais na rua", "O melhor aluno da sala" com o complemento "pode matar".  A campanha "mostra que não basta ser uma boa pessoa, ser solidário e contribuir parea comunidade se não respeitar as leis de trânsito", sublinha o texto que apresenta o filme.

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Esta é a segunda campanha publicitária do governo Temer que causa polêmica nas redes sociais. Em agosto do ano passado, logo após assumir a presidência, Temer foi alvo de uma campanha de apoio criada pelo publicitário Elsinho Mouro, para angariar apoio popular ao novo presidente. Foram criados vários motes, como "Bora Crescer", "Fora ladrão" (em alusão ao governo anterior) e "Vai, Temer". Esta última, contudo, foi considerada no meio publicitário um tiro no pé, já que permitia uma outra leitura que não propriamente de apoio ao presidente.

Especialista no ramo, Luciana Salgado, jornalista e professora de Marketing Digital da Fundação Getúlio Vargas no Rio, é direta na análise: "A internet não perdoa."

A frase, que segundo ela já virou clichê, bem retrata uma realidade em que as as pessoas estão mais conectadas, mais exigentes com o que consomem como informação, mais ligadas e críticas.  

"Os profissionais de comunicação e marketing precisam estar atentos a nova realidade e tentar prever os impactos que podem ser gerados por aquilo que é comunicado. No caso dessa campanha, acredito que eles quiseram causar polêmica. Só que nem sempre a polêmica é uma boa estratégia, até por que o momento político que estamos atravessando no Brasil, você ter esse tipo de posicionamento não foi uma boa estratégia. Existem diversas formas de fazer publicidade oficial. Você precisa educar a população, mudar um comportamento social e você pode fazer isso de uma forma mais sutil", afirma Luciana.

Na visão de Luciana, os autores da campanha também pecaram por utilizarem personas, como a pessoa que cuida dos animais, a voluntária, a que vai à escola e é boa aluna, e isso não foi uma boa solução. A professora da FGV-Rio diz que acidentes acontecem, e é preciso sim uma educação principalmente no trânsito, onde se muitas pessoas ainda dirigem falando ao celular, pessoas que bebem e acham que podem dirigir.

"Com uma fiscalização eficaz, com uma educação através da comunicação, você pode mitigar todo esse problema. Nesse caso, a repercussão dessa campanha foi muito mais negativa do que positiva. O pior de tudo é que o gerenciamento de crise não está sendo eficaz. Acompanhei a página do Facebook e eles estão colocando a mesma resposta."

A Sputnik Brasil solicitou entrevista com representantes da agência Nova/sb, mas não obteve retorno até o fechamento dessa edição.

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