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Comandante do Exército: só 'maluco' pode querer volta dos militares ao poder

© Mayke Toscano/GCom-MT/Fotos PúblicasExército volta ao poder
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Apesar dos apelos de parte da população, desiludida e preocupada com o momento político que atravessa o Brasil, os militares não querem nem ouvir falar de uma volta ao poder. O comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, garante que "há chance zero" de setores das forças armadas, da ativa e da reserva, se encantarem com esses apelos.

Villas Bôas admite, porém, que há "tresloucados" e "malucos" civis que frequentemente cobram intervenção dos militares para resolver o imbróglio político. 

"Eu respondo com o artigo 142 da Constituição. Está tudo ali. Nós aprendemos a lição. Estamos escaldados", diz o comandante do Exército, se referindo ao artigo que define as forças armadas como instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República, e que se destinam à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem".

Para Yannick Robert, professor de Direito Constitucional da Faculdade Cândido Mendes, o comentário do general ocorre nessa situação de instabilidade política e institucional que o Brasil vem sofrendo desde o meio do ano passado e que teve seu ápice no impeachment que não conseguiu acalmar as tensões de poder. 

"A declaração do general nos brinda, por mais instáveis que nossas instituições estejam. A democracia prevalece e as forças armadas, conscientes do seu papel institucional, mantêm a ordem democrática instituída pela Constituição de 1988."

Segundo Robert, em qualquer democracia é normal ter grupos de tensões populares para todos os sentidos.

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"Cada grupo quer se destacar, ter mais participação e tem suas convicções políticas e institucionais. A beleza da democracia e da república é justamente a harmonia entre os poderes e os mecanismos que o próprio sistema tem para manter a república em pé. É o que estamos vivendo diariamente, sendo chamados para ver se esses mecanismos estão ainda em vigor ou não. A feliz constatação que temos é que estão. Falo isso aqui no Centro do Rio de Janeiro ao som de manifestação das forças armadas militares estaduais pedindo pelo pagamento de seus subsídios, e ainda assim a coisa transcorre dentro de uma normalidade democrática."

Na visão do professor, o povo está indo às ruas, pedindo mudanças, a opinião pública está exercendo seu poder de pressão e a intervenção militar não é um fantasma que cerca tanto o Brasil quanto a América Latina. 

"O que nos levou em 1964 àquele golpe foi, além do momento histórico brasileiro, a conjectura latino-americana, quando todas as jovens democracias latino-americanas sofreram golpes militares por uma conjuntura mundial muito diferente. Hoje é outra a realidade."

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