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Idosa vai à escola aos 81 anos para escrever história de vida

© Divulgação/PMFSC- Rafaela MartinsAdélia Domingues
Adélia Domingues - Sputnik Brasil
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Adélia Domingues Garcia da Silva, uma idosa, de 81 anos, que mora há 20 anos em Florianópolis mostra que não importa a idade avançada quando ainda se tem sonhos. Adélia decidiu entrar para a escola para aprender a ler e escrever, e assim realizar o sonho de escrever sua autobiografia.

Em entrevista exclusiva para a Sputnik, Adélia Domingues contou que nasceu no interior do Rio Grande do Sul, em 1935,  e quando criança não teve condições de estudar, pois além de não ter escolas na região, era pobre e precisava ajudar nos afazeres de casa e cuidar dos irmãos mais novos.

"Nasci em um cantinho lá do Rio Grande do Sul. Não deu tempo de estudar, porque aos cinco anos já tínhamos que ajudar a cuidar dos outros irmãos, não dava tempo de ir para a escola. Lá também não tinha uma escola, porque os fazendeiros mandavam seus filhos para estudar na cidade e nosso pai era empregado, não dava para filho de empregado estudar."

A idosa explica que ao longo da vida foi adiando a ida para a escola, pois ao chegar na vida adulta foi a vez de cuidar dos filhos e do marido. "Depois quando grande, casei e tive que cuidar do marido, da casa, dos filhos e do trabalho. Não dá tempo. Agora, depois que ficamos em uma certa idade, que já está liberta de tudo isso. Os filhos já cresceram, estão todos encaminhados, eu sou sozinha e aí me deu vontade de fazer alguma coisa para não ficar dentro de casa parada sem fazer nada."

Adélia ressaltou que estava cansada de ter que pedir ajuda das pessoas no dia-a-dia para que lessem para ela. Para realizar o sonho de ler e escrever, a idosa decidiu se matricular na Educação de Jovens, Adultos e Idosos (EJA) da Secretaria Municipal de Educação, uma parceria da Prefeitura com o Núcleo de Estudos da Terceira Idade (Net), da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), onde é uma excelente aluna.  

"Todo mundo sabia ler. Às vezes estamos nos grupos  todos sabiam ler e escrever e eu não sabia nada tinha que pedir tudo para elas (amigas). Isso foi me cansando. Eu descobri que tinha no Net esse grupo de estudo e eu fui. Já vou fazer quatro anos."

Porém, para conseguir frequentar as aulas, a idosa diz que precisa percorrer uma maratona, que inclui acordar 6 da manhã e pegar duas condições lotadas. Mesmo assim Adélia diz que vale a pena todo o sacrifício. "Não é fácil mesmo, acordo 6 horas da manhã. Eu moro em um lugar chamado Rio Vermelho, onde eu levo 1 hora, 1h20 para chegar na Universidade. Ônibus cheio, desce de um pega o outro. No fundo, no fundo vale a pena. Quando fazemos o que gostamos tudo vale a pena. Eu gosto de fazer isso, me sinto mais forte, mais animada."

Quem pensa que dona Adélia para por aí, está enganado. Ela ainda participa de grupos de teatro e de música, onde canta nas horas vagas. Segundo a idosa, a vida não acaba na terceira idade. "Eu faço um monte de coisas. Faço ginástica, tenho um grupo de teatro, um grupo de cantoria. Não acabou não, só acaba quando fechamos o olho."

Desde que começou a estudar Adélia diz que mudou muita coisa em sua vida, um novo mundo se abriu para ela, principalmente através das aulas de informática o que faz com que o sonho de escrever a história de sua vida ganhe finalmente forma.  Apesar de algumas lembranças já terem se perdido no tempo, a idosa acredita que sua vida foi muito interessante e vai interessar todos aqueles que gostam de uma boa história.

"Eu acho que vai interessar, quem de uma história vai gostar. Esse sonho eu tenho desde que cresci, mas estou aprendendo. Se eu conseguir aprender a ler e escrever direito, que eu já sei um pouco, e escrever meu livro, está ótimo."

Para as pessoas da terceira idade, Adélia Domingues deixa a mensagem de que não fiquem parados e busquem alguma atividade onde se sintam bem e os façam felizes. A receita é não ficar parado. "Que essas pessoas busquem os objetivos delas. Não é porque elas já possuem 60, 70 ou 80 anos, que elas não deixem de procurar o que elas gostam, se gostam vão atrás, é muito bom. A pessoa sai de casa, faz amizades, conversa com outras pessoas, aprende algo que não sabe, porque eu mesma aprendi muita coisa. Eu trabalho ainda, ajudo a minha filha. Faço um monte de coisas."

 

 

 

 

 

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