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Analista político: 'Perdeu-se a noção do que é representar o povo no Brasil'

© Geraldo Magela/Agência SenadoRenan Calheiros
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Desde a sexta-feira, 21, os ânimos estão bem acirrados entre Executivo, Legislativo e Judiciário. A Operação Métis, da Polícia Federal, que resultou na prisão de quatro agentes da Polícia Legislativa, inclusive seu diretor, provocou iradas reações do presidente do Congresso, Renan Calheiros, e reflexos no Judiciário.

Sem nomear o Juiz Wallisney Oliveira, que determinou a ação da Polícia Federal, Renan Calheiros reuniu a imprensa na segunda-feira, 24, para dizer que o Senado não pode se submeter às decisões de um "juizeco". Disse ainda que o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, a quem a Polícia Federal é subordinada, mais parece um "chefete de polícia" do que um ministro de Estado.

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Moraes não respondeu, mas a Ministra Cármen Lúcia, presidente do Supremo Tribunal Federal e do Conselho Nacional de Justiça, reagiu na terça, 25, cobrando "respeito" ao Poder Judiciário.

Na quarta, 26, Renan cumpriu o que havia prometido dois dias antes: protocolou no Supremo Tribunal Federal representação contra o magistrado de Brasília e solicitou esclarecimentos sobre as reais competências dos Poderes da República. Em meio a tudo isso, o Presidente Michel Temer tentou realizar uma reunião com a Ministra Cármen Lúcia e os presidentes do Senado, Renan Calheiros, e da Câmara, Rodrigo Maia, mas o encontro não foi realizado.

Sobre este quadro de ânimos extraordinariamente acirrados entre os Poderes da República, Sputnik ouviu o historiador e cientista político Antônio Marcelo Jackson, do Departamento de Educação e Tecnologias da Universidade Federal de Ouro Preto, em Minas Gerais. Jackson não poupou palavras para exprimir sua indignação:

"Vamos nos reportar à crise e ao quadro que este país está vivendo, em que os representantes do povo, nos Três Poderes, estão perdendo a noção de que são servidores da sociedade. Vamos começar pelo próprio Supremo Tribunal Federal: há dois anos, o Ministro Luís Roberto Barroso declarou com todas as letras que não tem o menor compromisso com a sociedade brasileira, que toma decisões de acordo com seu juízo, numa fala compartilhada com os demais ministros do Supremo e, por extensão, com todos os membros do Judiciário. Ora, o ministro deixou bem claro que não tem comprometimento com a sociedade. Por outro lado, temos um Poder Legislativo que descobriu neste ano de 2016 que também não precisa do eleitor, pois pode resolver suas questões por si mesmo. Então, nós vemos nesta desavença entre os chefes dos Poderes Legislativo e Judiciário que não há mais compromisso com a sociedade, mas só com os dos interesses de cada Poder. Isto não é só uma crise institucional: é uma clara demonstração de total ausência de espírito republicano".

Perguntado sobre se esta contrariedade de Renan Calheiros com a ação do Poder Executivo (leia-se Ministério da Justiça e Polícia Federal) pode ter reflexos na base aliada do Presidente Michel Temer, Antônio Marcelo Jackson respondeu:

"Já se fala abertamente sobre isso. Inclusive com o que poderá acontecer no país a partir das revelações do empresário Marcelo Odebrecht e dos seus executivos na delação premiada que irão prestar ao Ministério Público Federal. Para mim, fica cada vez mais claro que os responsáveis pelos Poderes da República pensam muito mais no seu Poder do que em servir à sociedade e à própria República".

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