Antes do pronunciamento, Eduardo Cunha entregou à Secretaria Geral da Mesa uma carta de renúncia dirigida ao presidente interino da Câmara, o vice-presidente Waldir Maranhão (PP-MA).
Mesmo afirmando nos últimos dias que não renunciaria, Cunha disse ao ler o seu pronunciamento, que decidiu atender aos apelos dos seus apoiadores, pois a Câmara estaria sem rumo, e a ordem na Casa só poderia ser retomada com sua saída.
"Ao completar 17 dos 24 meses do meu mandato de presidente. Dois meses de afastamento do cargo e ainda estamos no período de recesso forense no Supremo Tribunal Federal, onde não existe qualquer previsão de apreciação de recurso contra o meu afastamento, resolvi ceder aos apelos generalizados dos meus apoiadores. É público e notório, que a Casa está acéfala, fruto de uma interinidade bizarra, que não condiz com o que o país espera de um novo tempo após o afastamento da presidenta da República. Somente a minha renúncia poderá por fim a essa instabilidade sem prazo. A Câmara não suportará esperar indefinidamente."
Cunha ressaltou que ao longo de seu mandato soube conduzir condizentemente a Câmara, aprovando pautas necessárias ao país, como por exemplo, a terceirização da mão de obra, a redução da maioridade penal e a "PEC da Bengala", ressaltando o processo de impeachment de Dilma Rousseff, o qual diz ser o marco de sua gestão, por isso passou a sofrer perseguições em função das pautas adotadas.
"Estou pagando um alto preço por ter dado início ao impeachment. Não tenho dúvidas, inclusive, que a principal causa do meu afastamento reside na condução desse processo de impeachment da presidenta afastada. Tanto é que o pedido de afastamento foi protocolado pelo procurador-geral da República (PGR), em 16 de dezembro de 2015, logo após minha decisão de abertura do processo. E o pedido de afastamento só foi apreciado em 5 de maio de 2016, numa decisão considerada excepcional e sem qualquer previsão constitucional, poucos dias depois da decisão dessa Casa por 367 votos, autorizando a abertura do processo por crime de responsabilidade."
De acordo com Eduardo Cunha, as suas posições o fizeram ser alvo da representação por quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética, e também em seis inquéritos que investigam crimes como evasão de divisas, lavagem de dinheiro e corrupção no Supremo Tribunal Federal, se tornando réu em dois deles. O peemedebista reafirmou que é inocente das acusações, e que vai provar sua inocência em todos os inquéritos.
"Continuarei a defender a minha inocência de que falei a verdade. A par disso sofro da seletividade do órgão acusador, que atua em relação a mim, diferentemente, do que com outros investigados com o mesmo foro. Após a decisão da Câmara de instaurar o processo de impeachment, em 17 de abril, seis novos inquéritos foram abertos contra mim e duas novas denúncias foram apresentadas, sendo que muitos desses eventos se davam sempre às vésperas de deliberações do Conselho de Ética. Quero reiterar que comprovarei a minha inocência nesses inquéritos, confiando na Justiça do meu país. Reafirmo que não recebi qualquer vantagem indevida de quem quer que seja."
O peemedebista chorou ao falar da família, dizendo ter sido vítima de perseguição covarde, incluindo sua mulher e filha. Eduardo Cunha disse ter certeza de sua inocência, e de que fez o país melhor, ajudando o país a se livrar do governo do PT.
"Quero agradecer especialmente a minha família, por quem os meus algozes não tiveram o mínimo respeito, atacando de forma covarde, especialmente a minha mulher e a minha filha mais velha. Usam a minha família de forma cruel e desumana visando me atingir. Tenho a consciência tranquila não só da minha inocência, bem como de ter contribuído para que meu país se tornasse melhor e se livrasse do criminoso governo do PT. A História fará justiça ao ato de coragem que teve a Câmara dos Deputados sob o meu comando de abrir o processo de impeachment."
Cunha concluiu o pronunciamento dizendo que espera que sua renúncia leve a Câmara de volta aos trilhos em que estava em sua gestão, de protagonismo e independência, e que contribua para restaurar o país após o impeachment.
"Que este meu gesto sirva para repor o caminho que a Câmara dos Deputados estava trilhando na minha gestão, de protagonismo, de independência, de austeridade no controle dos gastos públicos e de coragem para o enfrentamento das pautas da sociedade. Acima de tudo, espero que este meu ato ajude a restaurar o nosso País após o processo de impeachment."
O peemedebista encerrou suas palavras sem responder perguntas dos jornalistas. Com a renúncia de Cunha, a Câmara tem até 5 sessões no Plenário, para fazer nova eleição para a escolha do novo presidente da Casa.
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