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Cristovam Buarque: PF não precisava de todo aquele aparato para prender Paulo Bernardo

ENTREVISTA COM CRISTOVAM BUARQUE 2 DE 24 06 16
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O Senador Cristovam Buarque (PPS-DF), entre vários outros colegas de diversos partidos, criticou as ações da Operação Lava Jato que resultaram na prisão de Paulo Bernardo, marido da Senadora Gleisi Hoffmann.

A Operação Custo Brasil, realizada pela Polícia Federal, prendeu na quinta-feira, 23, oito pessoas, entre as quais Paulo Bernardo, ex-ministro do Planejamento e das Comunicações nos Governos Lula e Dilma. A Operação, deflagrada para investigar desvios da ordem de 100 milhões de reais mediante operações fraudulentas com empréstimos consignados de funcionários públicos, causou intensa polêmica não só por ter resultado na prisão de um ex-ministro dos Governos do PT como também pelo fato de Paulo Bernardo ser marido da Senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR).

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No entender de vários senadores, a entrada dos policiais federais da Operação Custo Brasil no imóvel oficial ocupado por Gleisi Hoffmann e Paulo Bernardo só poderia ter ocorrido com mandado de busca e apreensão emitido por ministro do Supremo Tribunal Federal (em razão do foro privilegiado da senadora) e não por juiz singular da Justiça Federal, como foi o caso.   

Sobre esta questão, Sputnik Brasil conversou com o Senador Cristovam Buarque (PPS-DF), ex-ministro de Lula e ex-integrante do PT. Na opinião do parlamentar, não havia necessidade de todo o aparato montado pela Polícia Federal para prender Paulo Bernardo, “até porque ele iria se apresentar assim que fosse chamado para depor”. Mas o senador também não poupou críticas ao PT, ao declarar que o Partido dos Trabalhadores deveria abrir mão do discurso de que está sendo perseguido pela Polícia e pela Justiça.

Ao criticar a ação da PF no apartamento de residência oficial da Senadora Gleisi Hoffmann, Cristovam Buarque diz que, em princípio, acha ruim a imunidade parlamentar. “É nesse sentido que a defesa deles se comporta. Eu creio que, independentemente de ser senador, senadora ou deputado, um mandado de prisão, além de ter que ter todas as autorizações judiciais – que eu creio que tenha –, só deve ser feito em último caso. Se a pessoa que está sendo investigada está disposta a ir à polícia, eu não vejo por que entrar a tropa na casa e tirar sob prisão. Sinceramente, que eu saiba, o ex-ministro estaria disposto a ir se fosse convocado.”

O Senador Cristovam Buarque diz também não acreditar que a reação do presidente do Senado, Renan Calheiros, e de outros colegas seus poderá conter alguma forma de limite à Operação Lava Jato.

“Não acredito, e seria um absurdo se houvesse essa tentativa. Como eu me manifestei, de público, numa sessão, quando Renan Calheiros sugeriu que levaria adiante o pedido de impeachment do Procurador-Geral Rodrigo Janot. Eu acho isso um absurdo completo. Aí, sim, vai parecer, com a maior clareza, uma tentativa de intervir na Lava Jato, o que vai ser ruim não só para o Senado, vai ser muito ruim para o presidente interino Michel Temer.”

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Finalmente, Cristovam Buarque analisa o espírito das manifestações por parte de alguns membros do Partido dos Trabalhadores de que essa ação contra Gleisi Hoffmann e seu marido Paulo Bernardo encobriria uma tentativa de levar os senadores que ainda não se decidiram com relação ao julgamento da Presidente Dilma Rousseff a votar pelo impedimento definitivo da presidente: “Eu acho que teria o efeito contrário, porque o que fica na imagem é que a polícia está combatendo a corrupção, que teria, vou dizer assim, acontecido no Governo do PT. Eu creio que é um equívoco o PT insistir que a Polícia Federal, que o Ministério Público e que a Justiça fazem isso por intenções político-partidárias, eu acho um absurdo. Pode até dizer que há erros jurídicos, que não tinha direito de fazer, mas dizer que é uma conspiração é um absurdo.”

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