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Criador do Bope fala dos policiais vendidos ao tráfico: ‘Eles vão ter o que merecem’

ENTREVISTA COM PAULO CESAR AMENDOLA 2 DE 14-12- 15
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A população carioca e brasileira em geral ficou perplexa ao saber da detenção de quatro integrantes do Bope acusados de vender informações sigilosas a traficantes de drogas. O criador da unidade de elite da PM do Rio, Coronel Paulo César Amêndola, comenta a vergonhosa ação daqueles criminosos.

Segundo as equipes responsáveis pelas investigações, constituídas por membros da Polícia Militar, da Secretaria Estadual de Segurança Pública e do Ministério Público Estadual, o esquema criminoso consistia em repassar, por telefone, informações aos traficantes, em torno da realização de operações de repressão ao tráfico de drogas na Cidade do Rio de Janeiro. Desta forma, os bandidos conseguiam escapar às operações policiais e também evitar a apreensão das drogas que comercializam.

Sobre o assunto, Sputnik Brasil ouviu o coronel reformado da Polícia Militar, Paulo César Amêndola. Ele foi criador e estruturador do Bope – Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, unidade de elite da Polícia Militar oficialmente fundada em 19 de janeiro de 1978, e hoje é comentarista de Segurança Pública na mídia.

Para o ex-oficial da PM, o tipo de desvio de conduta dos policiais sob investigação é inteiramente inaceitável na Polícia Militar, ainda mais naquela que é considerada a sua unidade de elite. Por isso, diz Amêndola, cabem medidas como a aplicação de penas severas, a detenção dos agentes e a sua expulsão da PM.

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Sputnik: O Bope que o senhor imaginou, que o senhor criou e estruturou, tem lugar para desvio de conduta de policiais militares?

Paulo César Amêndola: De forma alguma, não há espaço nenhum para eles. O comandante atual, o Coronel Sarmento, já havia detectado que algumas ações – por sorte foram poucas – não tinham resultado. A inteligência indicava que havia armamentos, havia marginais em flagrante, e começaram a escassear alguns resultados. Então o comandante solicitou à Corregedoria da Polícia Militar, que é o órgão disciplinador da PM, que fizesse uma investigação sigilosa, que levou de quatro a cinco meses, e lamentavelmente essa investigação deu resultado. Um sargento e três soldados estavam mancomunados com marginais, dando informações privilegiadas. Eles foram imediatamente presos e estão respondendo a Inquérito Policial Militar. O secretário de Segurança já declarou que os quatro serão expulsos da corporação tão logo finde esse inquérito policial, ao qual ainda vão responder à Justiça Militar, cujas penas são muito mais agravadas do que as do Código Penal comum, e eles vão ter o que estão merecendo.

S: A expulsão é sumária?

PCA: Após o inquérito.

S: E o inquérito tramita rapidamente?

PCA: Em 30 dias o inquérito está pronto, eles entram no Conselho de Disciplina e já está tratado que, por esta falta extremamente grave, eles têm que ser exemplados. Porque é uma unidade que nunca teve, em sua existência, um fato dessa natureza. Eles precisam ter uma punição bem pesada, como o secretário de Segurança já afirmou que vai dar.

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S: Como foi feita a operação de inteligência que resultou na prisão desses maus policiais?

PCA: A operação foi feita com um conjunto de órgãos que tinham um aparato técnico mais aprimorado, que atuavam por solicitação da própria Corregedoria: o Gaeco – Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado, que é do Ministério Público. Vários órgãos importantes, que têm feito uma escalada contra o crime muito intensa, se uniram para poder, com a tecnologia que eles têm, identificar e comprovar esses crimes que estavam sendo cometidos por aqueles policiais. E agora, com a comprovação já feita, vai ser fechado o inquérito e eles terão a punição que merecem. Foi tudo feito com a Justiça tomando conhecimento, com a presença do Ministério Público acompanhando as diligências da nossa Corregedoria. O interessante foi que toda essa situação começou com a iniciativa do comandante da unidade, que começou a detectar que os resultados operacionais não estavam à altura de uma unidade de elite – apreensão de armamentos pesados, prisão de delinquentes procurados, quantidade de drogas. Quando ele sentiu que estava reduzindo isso, ele deu o grito de alerta e solicitou à Corregedoria da Polícia Militar uma ação efetiva e sigilosa que resultou no que ele estava prevendo que pudesse estar ocorrendo – vazamento de informações. Resultou na investigação formal e na lamentável comprovação de quatro elementos envolvidos nessa história criminosa. 

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