"A Sra. comeu pastel, churrasco e nem me convidou". #CartaDoTemer pic.twitter.com/DHZCJTxdls
— Glauber Macario (@glaubermacario) 8 dezembro 2015
“Temer alegou que a carta tinha teor pessoal. Dificilmente se pode acreditar que foi o governo, e não seu próprio grupo, o responsável pelo seu vazamento à imprensa. A alegação beira o ridículo. Ela claramente foi escrita com o intuito de justificar sua atuação pelo impeachment. Do ponto de vista político, fica claro que o vice-presidente atuará em consonância com Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e setores da oposição para promover a deposição da presidenta. Os motivos alegados, entretanto, são vergonhosos, mesquinhos e pouco críveis. Pode ser que a repercussão seja muito negativa e prejudique a posição de condutor de uma saída mediada que Temer procurava construir”, disse Leonardo Barbosa, doutorando do Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e pesquisador do Núcleo de Estudos sobre o Congresso (Necon), em entrevista à Sputnik.
Outras vozes da sociedade civil brasileira também se levantaram em peso contra o impeachment de Dilma após a repercussão da carta.
“A ‘carta’ de Temer ‘a Dilma’ (…) é praticamente uma declaração de guerra, encharcada de ressentimento. Indica que o vice estaria mesmo a conspirar contra a titular, de olhos grandes sobre sua cadeira. Revela a estatura moral do remetente e, mais uma vez, o caldo antiético de toda a tentativa de impedimento em curso”, opinou Adriano Pilatti, professor de Direito Constitucional da PUC-Rio e um dos nomes mais importantes por trás da Constituinte de 1988.
Para o editor da revista Fórum, Renato Rovai, a carta “destrói Temer politicamente”.
“Sua biografia está marcada daqui para diante como a de um político vaidoso, egoísta e de certa forma sem limites. Dilma pode cair, mas Temer não sairá maior deste processo. Ele caiu hoje”, escreveu o jornalista e professor em seu blog no Portal Fórum.
Depois de ler a #CartaDoTemer. pic.twitter.com/3LslTu5AGE
— (͡° ͜ʖ ͡°) (@_nelsoncezar) 8 dezembro 2015
Além disso, muitos políticos da oposição de esquerda ao PT também saíram em defesa da presidenta.
O deputado Jean Wyllys, do PSOL, declarou que a carta foi escrita claramente para ser tornada pública, ao contrário do que disse Temer a respeito do caráter supostamente “confidencial e pessoal” do documento vazado à imprensa.
“A carta não tem nada de pessoal e confidencial; muito pelo contrário, é ‘bombástica’ no estilo, conteúdo e formato, exatamente como aquelas em geral abertas para a imprensa. Leiam e percebam a construção do texto, claramente feita para exposição e consumo midiático. A destinatária da carta nunca foi a Dilma, mas a redação dos jornais! O nome disso é cinismo!”, escreveu o deputado em sua página no Facebook, acrescentando que, na verdade, a carta tem como objetivo “deixar bem claro que Temer está disposto a assumir a Presidência”.
O golpe da carta (temos algo a Temer?)#CartaDoTemerA carta que "vazou" para a imprensa teria sido escrita,…
Posted by Jean Wyllys on Monday, December 7, 2015
Em entrevista ao programa ‘Mariana Godoy Entrevista’, Ciro Gomes, pré-candidato do PDT à Presidência da República em 2018, declarou por sua vez que Temer é o “capitão do golpe”.
“Vai não, porque se ele for, quem vai entrar com um pedido de impeachment no primeiro dia sou eu”, disse Ciro, depois que a entrevistadora lhe perguntou se Temer, de fato, poderia vir a ser presidente.
O ex-ministro disse ainda que já está com cópias em mãos dos decretos de pedaladas fiscais que o próprio Temer assinou como interino da Presidência da República. “Só para você ver a molecagem, como é que funciona no Brasil”, afirmou Ciro, explicando que as pedaladas fiscais – justificativa usada pela oposição para “fundamentar” o pedido de impeachment – não constituem crime de responsabilidade, apesar de serem problemáticas.
Para Barbosa, cujo tema de pesquisa é a evolução dos conflitos políticos no sistema partidário brasileiro contemporâneo como chave para entender a polarização entre PT e PSDB, a avaliação de Nassif é interessante.
“A carta foi também uma tentativa de se isolar do governo, afinal ele [Temer] assinou decretos do mesmo tipo que estão sendo usados para pedir o impeachment de Dilma. É uma tentativa de dizer que ele não participou”, disse o cientista político à Sputnik, acrescentando que, de qualquer maneira, o caso “continua sendo patético”.
Vazou a partitura do musical baseado na #CartaDoTemer pic.twitter.com/ykfZSSq1WE
— Drunkeynesian (@drunkeynesian) 8 dezembro 2015
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