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Violência no Rio: Assaltos com facas preocupam autoridades às vésperas das Olimpíadas

Protesto da ONG Rio de Paz pela morte do médico Jaime Gold, 56 anos, esfaqueado em um assalto na Lagoa Rodrigo de Freitas
Protesto da ONG Rio de Paz pela morte do médico Jaime Gold, 56 anos, esfaqueado em um assalto na Lagoa Rodrigo de Freitas - Sputnik Brasil
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Em menos de um mês, 7 pessoas foram esfaqueadas em assaltos no Centro e na Zona Sul do Rio de Janeiro. O último e mais grave ataque aconteceu na noite de terça-feira (19) e resultou na morte do médico Jaime Gold, de 56 anos, que passeava de bicicleta pela Lagoa Rodrigo de Freitas, um dos palcos de competição dos Jogos Olímpicos de 2016.

O ataque ao cardiologista acirra ainda mais a discussão no país sobre redução da maioridade penal, já que o crime teria sido praticado por dois menores.

O governador do Rio, Luiz Fernando Pezão, garantiu que está reforçando o patrulhamento e monitorando vários bairros das cidades do Estado, e que estão sendo analisadas novas ações de combate ao crime no Rio de Janeiro, inclusive com a contratação de mais 1.500 policiais militares e 750 policiais civis. “Nós não temos a utopia de que estamos acertando em tudo”, disse o governador. “Mas estamos fazendo um trabalho grande de combate à criminalidade. Mesmo com um ano difícil nas finanças, nós contratamos mais policiais. É lamentável uma morte como essa na Lagoa, mas não podemos desestimular o trabalho que a Polícia tem feito. Batemos o recorde de prisões de menores – 63% das prisões que nós fizemos foram de menores. É inaceitável. Lugar de menor é na escola.”

Luiz Fernando Pezão explica que não se exime de responsabilidade pela situação da segurança no Rio, mas o problema também está relacionado à aplicação das leis pela Justiça brasileira. O governador do Rio tem defendido nos últimos meses a redução da maioridade penal para crimes hediondos e o endurecimento de penas para os casos de assassinato de policiais. Para Pezão, não adianta a Polícia efetuar prisões se no dia seguinte a Justiça solta os criminosos. “Não transfiro responsabilidade. A responsabilidade pela Segurança Pública é minha. Só quero que a gente faça uma discussão sobre as nossas leis no Congresso Nacional. Eu não quero que a Polícia trabalhe com leis em que a gente fique enxugando gelo.”

Sobre o caso da morte do médico na Lagoa, Pezão admitiu que houve falhas no policiamento da região. “Não vou me omitir das minhas responsabilidades. Houve erro na Lagoa. Eu mesmo passei e vi. Passei às 22h na Lagoa e achei que havia poucos policiais. Cobrei o Pinheiro Neto (comandante da Polícia Militar). E, na mesma hora em que eu cobrei, veio a resposta. Os PMs haviam prendido oito menores do Jacarezinho que estavam assaltando, e os levaram para a delegacia. Foi feito o registro. Então, nós estamos trabalhando.”

Um menor de 16 anos suspeito de esfaquear e matar o médico Jaime Gold foi apreendido pela Delegacia de Homicídios na manhã desta quinta-feira (21). O adolescente foi identificado na delegacia por testemunhas do crime. Segundo a Polícia, o menor tem pelo menos 15 anotações criminais, sendo 5 delas por roubo com arma branca. Os agentes agora estão atrás de um segundo suspeito de participar da morte do cardiologista, e que também seria menor de idade.

O corpo do médico Jaime Gold foi enterrado na manhã desta quinta-feira (21), no Cemitério Israelita do Caju, na Zona Norte do Rio.

Na semana passada, o secretário de Segurança Pública do Rio, José Mariano Beltrame, também tinha chamado a atenção para a legislação, que não ajuda a Polícia a deter alguns tipos de criminosos, como os que usam armas brancas, por exemplo, facas. “Eu acho que é uma questão social e uma questão legal. Se a lei diz que usar faca não é crime. Se a lei diz que fazer o que eles [menores] fazem não é crime, as pessoas precisam entender, então, que é assim que é a lei, é assim que é a nossa democracia, e é assim que as coisas funcionam. Então não culpem única e exclusivamente a Polícia.”

De acordo com dados do Instituto de Segurança Pública referentes a 2014 e ainda não divulgados oficialmente, 225 pessoas morreram no Estado do Rio de Janeiro vítimas de crimes praticados com armas brancas. O levantamento aponta ainda que 2.183 casos de mortes ou ferimentos foram causados por facas, estiletes ou canivetes – armas de que a legislação permite que qualquer cidadão seja portador.

De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde do Rio, nos primeiros quatro meses deste ano 167 vítimas de arma branca foram atendidas nas quatro principais emergências de hospitais municipais da cidade.

Ciclistas e frequentadores da Lagoa Rodrigo de Freitas vão se reunir neste fim de semana para protestar contra a violência na área.

No próximo sábado (23), vai ser realizada uma missa campal na Lagoa, e após a missa os ciclistas presentes vão pedalar até o Palácio Guanabara, sede do Governo do Estado, em Botafogo. No domingo (24), também será realizada uma passeata percorrendo toda a Lagoa Rodrigo de Freitas em protesto pelo aumento da violência na região.

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