Queda de Cabul: como vive capital afegã após chegada dos talibãs?

© AP Photo / Rahmat GulMilitante do Talibã em Cabul, Afeganistão, 16 de agosto de 2021
Militante do Talibã em Cabul, Afeganistão, 16 de agosto de 2021 - Sputnik Brasil, 1920, 16.08.2021
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Após fuga do ex-presidente afegão, o Talibã (organização terrorista proibida na Rússia e em vários outros países) anunciou seu controle total sobre as entidades estatais na capital, sobre a guarda do palácio presidencial e sobre a organização de patrulhas noturnas na cidade.

Em particular, os talibãs tomaram o prédio da televisão estatal e apelaram ao vivo aos cidadãos "para ficarem tranquilos".

'Talibanização' da televisão

Um jornalista afegão escreveu que a maioria dos canais de televisão, após a chegada dos talibãs, mudaram sua agenda e retiraram as mulheres jornalistas das telas. "A música deixou de soar na maioria dos canais a partir desta manhã. Mídia está vivendo uma etapa de talibanização."

Conforme dados da Sputnik Afeganistão, o canal de televisão Tolo transmite nas redes sociais seu programa normal, mas com muito menor quantidade de notícias. A emissora Ariana também publica notícias e reportagens sobre os acontecimentos recentes, mas muito raramente. Conforme informam os residentes de Cabul, o canal estatal Melli transmite a leitura do Corão.

Há algumas horas, os talibãs chegaram à redação do Tolo, informaram jornalistas afegãos nas redes sociais. "Os militantes confiscaram dos guardas de segurança suas armas, fornecidas pelo governo, e acordaram em manter a segurança do complexo", diz o comunicado.

Bancos não emprestam dinheiro

A partir de ontem (15), pessoas em todo o país têm aguardado ao lado dos bancos esperando retirar dinheiro de suas contas.

Conforme dados dos moradores, os bancos em Cabul são fechados. A presidente de uma empresa de cinema Sahraa Karimi contou que também não conseguiu obter seu dinheiro. Os moradores relatam que o Da Afghanistan Bank deve funcionar de novo a partir de amanhã (17).

Residentes de várias cidades contaram à Sputnik Afeganistão sobre a situação na capital do país:

"95% das lojas, vendas, supermercados, mercearias estão fechados. Escolas, bancos, instituições estatais estão em geral fechados. Mulheres, crianças e jovens estão em suas casas", contou um morador da capital afegã.

"A situação não é má. A segurança foi instalada [...] Ainda não há nenhumas restrições ou novidades, como o uso de barbas longas para homens ou de roupas, inclusive para mulheres", continuou.

"Fomos aconselhados a ficar em casa por 2-3 dias. Meu marido não vai a lugar nenhum. Todos temem", diz uma cidadã russa que vive em Cabul. "A Internet funciona, mas, pelo visto, querem desligá-la. A luz funciona intermitentemente", adicionou.

Outro morador de Cabul conta: "Agora as pessoas estão voltando ao trabalho, há carros circulando pelas ruas. As pessoas se recuperam e tentam viver uma vida normal. Até agora, eles [os talibãs] cumpriram tudo o que prometeram. Após o encontro com os representantes do Ministério da Saúde e da Educação do Afeganistão, os talibãs confirmaram que as pessoas, escolas e hospitais podem voltar a funcionar".

No entanto, segundo ele, "há quem se comporte de modo errado, batem em pessoas, entram em suas casas [...] Embora os talibãs digam que não são eles, mas essas pessoas andam com eles. Tal comportamento preocupa o povo. Em cada bairro os talibãs tratam das pessoas de maneira diferente", relatou.

Um cientista e acadêmico afegão, que se graduou na Turquia, contou sob anonimato à Sputnik: "Nós soubemos que eles organizam incursões nas casas dos que antes trabalhava no serviço público. Por isso aguardamos em perturbados. Ouvi que agora os militantes estão realizando buscas em casas dos generais e oficiais do Exército afegão. Eles são encontrados e levados para a prisão. Dizem que após os militares será a vez dos jornalistas e cientistas".

Segundo as palavras do acadêmico, parte dos funcionários públicos foi para o aeroporto esperando sair do país, mas os talibãs têm uma lista dos que trabalhavam com as autoridades afegãs: "Os militantes param as pessoas nas ruas e pedem documentos de identificação".

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