Taiwan acusou diretamente a China pela primeira vez de bloquear um acordo da ilha para vacinas contra a COVID-19 da Pfizer/BioNTech, em uma guerra de palavras crescente depois que Pequim ofereceu as vacinas para a ilha por meio de uma empresa chinesa.
Em comentários durante reunião do Partido Progressista Democrático nesta quarta-feira (26), a presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, afirmou que as ordens para as vacinas contra a COVID-19 da AstraZeneca e da Moderna foram agendadas "sem problemas".
"Quanto à alemã BioNTech, estávamos perto de concluir o contrato com a fábrica original da Alemanha, mas por causa da intervenção da China, até agora não houve maneira de concluí-lo", disse a presidente, citada pela agência Reuters.
A BioNTech se recusou a comentar as observações de Tsai, mas disse que "apoiamos o fornecimento global de vacinas".
Taiwan tem milhões de doses de vacinas encomendadas da AstraZeneca e da Moderna, mas recebeu até agora pouco mais de 700.000, e só conseguiu vacinar cerca de 1% de sua população de 23 milhões de pessoas.
A China negou ter tentado bloquear as vacinas para Taiwan e se ofereceu para fornecê-las pessoalmente à ilha como um gesto de boa vontade.
Nesta quarta-feira (26), Zhu Fenglian, porta-voz do Escritório de Assuntos de Taiwan da China, disse que o governo de Taiwan estava usando desculpas para impedir que vacinas da China chegassem ao país.
A China reivindica Taiwan como seu próprio território e frequentemente pressiona países e empresas a restringir seus negócios com a ilha, afirma a mídia.
EUA confiante que Taiwan vai controlar novo surto
O principal diplomata dos EUA em Taipei, Brent Christensen, afirmou nesta quarta-feira (26) que estava confiante de que Taiwan poderia controlar um aumento nos casos de COVID-19, observando que os números de infecção continuavam muito baixos, e que eles estavam conversando sobre vacinas, embora não tenha dado sinal de que os EUA vão enviar inoculantes para a ilha.
"Estamos muito confiantes na capacidade das autoridades de saúde de Taiwan de conter o último surto […]. Eu também destacaria que muitos dos vizinhos de Taiwan na região também estão enfrentando surtos e os números de infecção de Taiwan ainda estão entre os mais baixos do mundo", afirmou Christensen.
O diretor do Instituto Americano em Taiwan, a embaixada norte-americana de fato na ilha, acrescentou que sabe que "as vacinas próprias Taiwan estarão disponíveis nos próximos meses e posso garantir a todos que estamos nos envolvendo com Taiwan em todos os níveis".
Como a maioria dos países, os EUA não têm laços diplomáticos formais com Taiwan, mas são seu maior apoiador no cenário mundial e uma importante fonte de armas.
Referindo-se à China, Christensen disse que ultimamente as ameaças contra Taiwan soam implacáveis, e trouxe um abacaxi para o pódio, em referência à decisão de Pequim em fevereiro de proibir as importações da ilha da fruta, relata a agência Reuters.
"Acho que todos podemos nos lembrar de um exemplo recente de Taiwan demonstrando sua determinação e unidade em face do bullying. O tiro saiu pela culatra rapidamente", concluiu.