Os generais de Mianmar ordenaram que os provedores de Internet restringissem o acesso ao Facebook nesta quinta-feira (4). A informação foi confirmada pela Telenor, uma das principais provedoras de telecomunicações do país, que disse que as autoridades ordenaram que a empresa "bloqueie temporariamente" o acesso ao Facebook.
A empresa norueguesa afirmou que tinha de cumprir, mas "não acredita que o pedido se baseie na necessidade e na proporcionalidade, de acordo com o direito internacional dos direitos humanos", reporta a agência AFP.
O Facebook confirmou que o acesso "está atualmente interrompido para algumas pessoas" e pediu às autoridades que restaurassem a conectividade. O NetBlocks, que monitora interrupções na Internet em todo o mundo, disse que as interrupções também afetaram aplicativos de propriedade do Facebook, como Instagram e WhatsApp.

O Ministério das Comunicações e Informação comunicou horas depois que o Facebook, usado por metade dos mais de 53 milhões de habitantes de Mianmar, seria bloqueado até 7 de fevereiro porque os usuários estavam "espalhando notícias falsas e desinformação e causando mal-entendidos", reporta a AFP.
Algumas pessoas usaram VPNs para evitar o bloqueio. O Twitter, que não foi bloqueado, teve um aumento de novos usuários. #CivilDisobedienceMovement foi a hashtag mais popular no país, com #JusticeForMyanmar logo atrás. Um pequeno protesto realizado nesta quinta-feira (4) teve manifestantes carregando cartazes que diziam "Protesto popular contra o golpe militar!". A mídia local disse que a polícia prendeu quatro pessoas.
"Temos poder digital [...] então temos usado isso desde o primeiro dia para nos opor à junta militar", explicou à AFP o ativista Thinzar Shunlei Yi, que está por trás do Movimento de Desobediência Civil que se espalha pelas plataformas de mídia social.
ONU se pronuncia
O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, afirmou na quarta-feira (3) que faria o que estivesse ao seu alcance para mobilizar os atores-chave da comunidade internacional para colocar pressão suficiente sobre Mianmar para garantir que o golpe militar da última segunda-feira (1º) fracasse.
"Depois de eleições que acredito terem transcorrido normalmente, e após um grande período de transição, é absolutamente inaceitável mudar os resultados das eleições e a vontade do povo", disse Guterres em entrevista ao jornal Washington Post.
O secretário-geral da ONU concluiu afirmando que espera "que a democracia possa avançar novamente em Mianmar, mas para isso todos os prisioneiros devem ser libertados e a ordem constitucional deve ser restaurada".

Golpe militar
Na manhã de segunda-feira (1º), os militares mianmarenses detiveram a conselheira de Estado Aung San Suu Kyi, o presidente Win Myint, e outros líderes do país. A Liga Nacional para a Democracia (LND) estava no comando do país após ter saído vitoriosa das eleições de 8 de novembro, a segunda votação em Mianmar desde o fim do regime militar em 2011.
Os militares de Mianmar acusaram o governo de conduzir as eleições de forma fraudulenta e já haviam prometido "agir" na semana passada. Após deter líderes da LND, o Exército decretou estado de emergência em Mianmar. As Forças Armadas devem assumir o controle do país por um ano e a presidência interina ficará a cargo do comandante Min Aung Hlaing.
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