Autoridades japonesas caracterizam Taiwan como 'linha vermelha' e encorajam Biden a 'ser firme'

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Uma autoridade japonesa ligada à Defesa aconselhou na sexta-feira (25) o presidente eleito dos EUA, Joe Biden, a "ser firme" em seu apoio a Taiwan face à China, denominando a ilha como "linha vermelha" de segurança.

"Estamos preocupados que a China venha a expandir sua posição agressiva em outras áreas para além de Hong Kong. Penso que um dos próximos alvos [...] será Taiwan", contou o ministro de Estado da Defesa, Yasuhide Nakayama, à agência Reuters.

Em uma entrevista, Nakayama solicitou a Biden que tomasse uma posição relativa a Taiwan idêntica à do presidente Donald Trump, que aumentou o comércio de armamento com a ilha reclamada pela China e, deste modo, as relações EUA–Taiwan.

Os laços entre Japão e Taiwan também se vêm desenvolvendo nos últimos anos, sendo majoritariamente em uma base não-governamental. Ao mesmo tempo, o Japão tem tentado equilibrar as relações com o gigante asiático e com seu maior aliado militar ocidental, os EUA, nunca se afastando da política de "uma China única", destaca a Reuters.

© AP Photo / 11ª Sede Regional da Guarda Costeira do JapãoNavio da guarda costeira da China navegando em águas disputadas com Japão
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Navio da guarda costeira da China navegando em águas disputadas com Japão
"Até agora, ainda não percebi nenhuma política clara ou uma decisão por parte de Joe Biden em relação a Taiwan. Gostaria de ouvir isso rápido, para que também possamos preparar nossa resposta sobre Taiwan em concordância", declarou Nakayama.

O Japão compartilha interesses estratégicos com Taiwan que, por sua vez, se encontra sobre as vias oceânicas pelas quais a energia e o comércio circulam.

Biden e sua visão de Taiwan

Durante sua campanha presidencial, Biden apelou ao fortalecimento das relações com Taiwan e outras "democracias de orientação semelhante".

Décadas atrás, como senador, Biden teria questionado se os EUA teriam "obrigação" de defender Taiwan. Porém, com o passar do tempo alegando aumento da assertividade chinesa, os imperativos dos EUA também mudaram.

Um membro oficial da equipe de transição de Biden contou que o presidente eleito acredita que o apoio de Washington a Taiwan "terá de se manter forte, baseado em princípios e bipartidário [...] Uma vez empossado, [Biden] continuará apoiando uma resolução pacífica dos assuntos entre ambos os lados do estreito [de Taiwan] consistente com os melhores interesses do povo de Taiwan."
© REUTERS / Ann WangOficiais da Marinha marcham durante a cerimônia oficial para as novas corvetas da classe Tuo Chiang em Yilan, Taiwan, 15 de dezembro de 2020
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Oficiais da Marinha marcham durante a cerimônia oficial para as novas corvetas da classe Tuo Chiang em Yilan, Taiwan, 15 de dezembro de 2020

Pequim, no entanto, continua se enfurecendo com as ações americanas na região que reclama como sua. A China considera Taiwan uma de suas províncias, não descartando a possibilidade do uso da força para a tomar sob seu controle.

'Linha vermelha'

"Taiwan é um assunto interno da China. Nos opomos fortemente à interferência nos assuntos internos chineses por qualquer país, por qual entidade, seja de que jeito for", afirmou Wang Wenbin, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, na sexta-feira (25).

"Existe uma linha vermelha na Ásia – China e Taiwan", disse Nakayama, citando o termo utilizado pelo ex-presidente americano Barack Obama relativo ao uso de armas químicas na Síria – uma linha que Damasco, na época em que Joe Biden era o vice-presidente, teria ultrapassado.

© Foto / Frota do Pacífico dos EUA / Twitter USS Barry navega pelo estreito de Taiwan, 23 de abril de 2020
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USS Barry navega pelo estreito de Taiwan, 23 de abril de 2020
"Como vai Joe Biden reagir, na Casa Branca, caso a China ultrapasse essa linha vermelha? Os EUA são o líder dos países democráticos. Tenho grande vontade de dizer: América, seja forte!", concluiu Nakayama.

Segundo oficiais militares sêniores ade Taiwan e dos EUA, nos últimos meses a China tem conduzido manobras com caças na região, de modo a reduzir a vontade de resistência por parte de Taiwan.

No último domingo (20), durante a passagem de um grupo aeronaval chinês, Taiwan enviou suas forças navais e aéreas para o estreito de Taiwan, um dia após um navio de guerra dos EUA ter transitado pelas mesmas águas.

Joe Biden deverá tomar posse oficial enquanto presidente dos EUA, e a partir de então o mundo observará como serão as relações e tensões entre a grande potência ocidental, o gigante asiático e a pequena ilha que luta por sua independência.

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