China diz que aeronaves espiãs dos EUA se disfarçaram de aviões civis mais de 100 vezes em 2020

© AFP 2023 / US AIR FORCEEsta foto sem data da Força Aérea dos EUA mostra um avião espião U-2 que deve ser usado pelos EUA na guerra contra o terrorismo.
Esta foto sem data da Força Aérea dos EUA mostra um avião espião U-2 que deve ser usado pelos EUA na guerra contra o terrorismo. - Sputnik Brasil
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China acusa EUA de disfarçarem aviões espiões em aeronaves civis mais de 100 vezes em 2020, chamando prática de "séria ameaça à segurança" e alertando que representa um perigo para aviões civis reais.

Observadores notaram em seus programas de rastreamento de voos internacionais que várias vezes nas últimas semanas aeronaves da inteligência dos EUA "desapareceram" no meio do voo e foram substituídas pelo que parecia ser um avião civil transmitindo o que se revelou um código de transponder falso.

Em seguida, essas aeronaves "civis" voam em rotas típicas de aviões espiões, patrulhando intensamente uma área por várias horas, antes de misteriosamente se transformarem novamente em aviões espiões norte-americanos em seus voos de retorno.

Em 16 de setembro, um oficial do governo chinês confirmou essas suspeitas, dizendo que os EUA tornaram a prática uma rotina em 2019. "É o velho truque dos militares dos EUA usarem um código de transponder para se passarem por aeronaves civis de outros países", afirmou o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Wang Wenbin.

"De acordo com dados incompletos, desde o início deste ano, as aeronaves de reconhecimento dos EUA têm se personificado eletronicamente por aeronaves civis de outros países no mar do Sul da China por mais de 100 vezes. Esta prática é flagrante, e violou gravemente as regras internacionais da aviação, perturbou a ordem e a segurança da aviação no espaço aéreo e ameaçou a segurança da China e de países da região. A China se opõe firmemente a isso", garantiu Wenbin.

"Instamos o lado norte-americano a parar imediatamente com esses comportamentos perigosos e provocativos para evitar acidentes no ar e no mar. A China continuará a trabalhar com os países regionais para salvaguardar firmemente as liberdades e a segurança da navegação e voo no mar do Sul da China, bem como a paz e estabilidade na região", acrescentou o porta-voz.

Prática reiterada

Relatório do think tank Sondagem Estratégica do Mar do Sul da China, publicado em 18 setembro, corrobora ainda mais as afirmações de Wenbin ao citar várias fontes verificadas de forma independente que chegaram às mesmas conclusões.

Desde então a prática continuou: em 21 de setembro, um RC-135W, avião espião da Força Aérea dos EUA, foi localizado usando um código de transponder falso para sobrevoar o mar do Sul da China, mais especificamente perto da ilha chinesa de Hainan e as ilhas Paracel, que são disputadas pelo Vietnã.

RC-135W, aeronave da Força Aérea dos EUA, operando sobre o mar do Sul da China utilizando um código falso.

Em seguida, na terça-feira (22) um RC-135S Cobra Ball, uma aeronave de reconhecimento especializada para observar lançamentos de mísseis balísticos, partiu da Base Aérea de Kadena, em Okinawa, Japão, com destino ao mar Amarelo, onde também adotou um código falso, como vários observadores confirmaram.

​Boeing RC-135S Cobra Ball, da Força Aérea dos EUA, de rastreamento de mísseis balísticos partiu da Base de Kadena e está ativo sobre o mar Amarelo.

Seguindo as regras

Quando questionado sobre a prática, Kenneth Wilsbach, general da Força Aérea dos EUA e comandante das Forças Aéreas do Pacífico, declarou que "seguimos as regras do espaço aéreo internacional".

Tecnicamente, isso é verdade. Steffan Watkins, um pesquisador de inteligência em código aberto baseado em Ontário, Canadá, observou que a declaração de Wilsbach equivale a uma admissão, apesar de suas tentativas de dissimular. "Ele está confirmando que sim, eles fazem o que querem no espaço aéreo internacional porque não há nenhuma lei que os impeça de mudar o código durante o voo", sublinhou Watkins.

"Ele [Wilsbach] também tem razão, não foi um acontecimento isolado; a Força Aérea dos EUA já o fez tantas vezes antes. Veja, como uma aeronave estatal, eles podem fazer o que quiserem. Eles não estão 'quebrando' nenhuma lei, porque estão acima da lei, essencialmente. Vê como funciona esse jogo de palavras?", acrescentou o especialista.

Na verdade, os regulamentos da Organização da Aviação Civil Internacional observam especificamente que "não são aplicáveis ​​a aeronaves de Estado (militares, policiais ou aduaneiras) em geral" e que "não há requisitos para que as aeronaves de Estado cumpram os requisitos civis no espaço aéreo internacional", mas também observa que "exige que os Estados garantam que as aeronaves militares não ponham em perigo as aeronaves civis".

CC BY-SA 2.0 / Alan Wilson / Boeing RC-135W Rivet Joint '62-131 / OF'Boeing RC-135W da Força Aérea dos EUA (foto de arquivo)
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Boeing RC-135W da Força Aérea dos EUA (foto de arquivo)

Uma vez que a Malásia parece ser a nação escolhida para os aviões espiões dos EUA se disfarçarem, é possível que Kuala Lumpur possa alegar que os EUA estão colocando em risco suas aeronaves civis de forma irracional.

A nação do sudeste asiático historicamente teve laços econômicos estreitos com Pequim, mas nos últimos anos Washington tenta separar os antigos parceiros.

Em maio, os EUA entregaram as primeiras seis das 12 aeronaves de vigilância não tripuladas ScanEagle para a Marinha Real da Malásia, que serão usadas para patrulhas marítimas no mar do Sul da China.
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