Nesta quarta-feira (19), a China revogou as credenciais de imprensa de três repórteres do jornal norte-americano The Wall Street Journal, após considerar racista a manchete do editorial da publicação.
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Geng Shuang, declarou que a manchete "China é o real homem doente da Ásia" é "racialmente discriminatória" e "sensacionalista", e lamentou que o jornal não emitiu um pedido de desculpas.
"Por isso, a China decidiu que, a partir de hoje, as credenciais de imprensa dos três repórteres do The Wall Street Journal em Pequim foram revogadas", comunicou Geng em briefing.
O editorial, publicado no dia 3 de fevereiro, foi escrito pelo professor da Universidade Bard, Walter Russell Mead, e criticava duramente os esforços do governo chinês para conter o coronavírus. O texto classificava o governo de Wuhan como "dissimulado" e "egoísta".
Para Geng, o editorial "calunia os esforços da China e do povo chinês para lutar contra a epidemia".
EUA restringem mídia chinesa
Anteriormente, na terça-feira (18), Washington informou que irá restringir a atividade de meios de comunicação chineses operando nos EUA.
Os veículos serão obrigados a se registrar como agências a serviço de agentes estrangeiros, e por isso deverão fornecer informações sobre seus funcionários e propriedades ao Departamento de Estado dos EUA.
Os veículos afetados são a agência de notícias chinesa Xinhua, o canal China Global Television Network, a rádio China International e o jornal China Daily, reportou a Reuters.
"Esse pessoal é, na verdade, instrumento do aparato de propaganda do Partido Comunista chinês", disse um funcionário do Departamento de Estado dos EUA à Reuters.
Nesta quarta-feira (19), a China reagiu à decisão norte-americana, classificando-a como "inaceitável".
"Os EUA se gabam de sua liberdade de imprensa. Mas isso é ingerência no bom funcionamento das mídias chinesas nos EUA e um entrave ao seu trabalho. [Essa medida] é ilógica e inaceitável", disse Geng durante o briefing. "Nós nos reservaremos o direito de responder."
O chefe de redação do The Wall Street Journal em Pequim, Josh Chin, e o repórter Chao Deng, ambos cidadãos norte-americanos, assim como o repórter Philip Wen, de cidadania australiana, têm até cinco dias para deixar o território chinês, informou o jornal norte-americano.