Sobrevivente da limpeza atômica: cúpula de testes nucleares dos EUA esconde segredo (FOTOS)

© AP Photo / Laboratório Nacional de Los Alamos A nuvem de cogumelo do Ivy Mike (codinome dado ao teste) se eleva acima do Oceano Pacífico sobre o Atol Enewetak nas Ilhas Marshall em 1 de novembro de 1952
A nuvem de cogumelo do Ivy Mike (codinome dado ao teste) se eleva acima do Oceano Pacífico sobre o Atol Enewetak nas Ilhas Marshall em 1 de novembro de 1952 - Sputnik Brasil
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A cúpula de concreto do atol Enewetak na ilha de Runit, no oceano Pacífico, que contém milhares de toneladas de resíduos radioativos de 43 testes nucleares norte-americanos, realizados entre 1946 e 1958, esconde uma mensagem secreta.

Um dos sobreviventes da limpeza atômica dessa área, Paul Griego, revelou que sob a cúpula há um aviso para as futuras gerações de arqueólogos que poderão descobri-lo.

De acordo com Griego, de 62 anos, que agora tem problemas de saúde associados à radiação, os trabalhadores deixaram dentro da cúpula contaminada uma luva de borracha cheia de concreto fazendo uma "saudação", um "aviso" selado e datado de 6 de setembro de 1979.

​Hoje, há 40 anos foi concluída a construção de um depósito de resíduos nucleares no atol de Enewetak. A Cúpula Runit contém segredos geralmente desconhecidos, como a "saudação Runit" (fotos de Sobreviventes da Limpeza Atômica)

"Estávamos terminando a cúpula e era essa enorme estrutura no meio do oceano Pacífico, de tamanho monumental, então queríamos colocar algo dentro dela", disse ao tabloide britânico Daily Star.

Pessoas começaram a morrer

Griego conta que o objeto é chamado de "saudação de Runit", acrescentando que aqueles que trabalharam na limpeza atômica deste atol começaram a "morrer logo".

"É o que aconteceu com os homens que foram encarregados de construir esta cúpula e o que aconteceu com os ilhéus e o que aconteceu com o oceano Pacífico e o resto do mundo", resumiu.

De acordo com Paul, não havia nenhum centro de descontaminação de radiação e nenhuma proteção contra radiação, então os funcionários não imaginavam que a área fosse radioativa. Com o tempo, ele e os seus colegas começaram a sentir as consequências da exposição ao equivalente a 2.000 bombas de Hiroshima.

"Dentro do nosso grupo de sobreviventes perdemos de 6 a 8 pessoas por ano por câncer e outras doenças relacionadas com a radiação", lamentou o homem.

© Foto / Domínio público / Agência de Armas Especiais de Defesa dos EUAFotografia aérea da cúpula nuclear do atol Enewetak na ilha de Runit, no oceano Pacífico
Sobrevivente da limpeza atômica: cúpula de testes nucleares dos EUA esconde segredo (FOTOS) - Sputnik Brasil
Fotografia aérea da cúpula nuclear do atol Enewetak na ilha de Runit, no oceano Pacífico

O governo dos EUA, insistindo que os trabalhadores foram expostos a baixos níveis de radiação, não reconhece aqueles que trabalharam na limpeza do Enewetak como veteranos nucleares.

Vazamento da contaminação

Construída pelos EUA em 1979 com o uso de 358 painéis de concreto de 45 centímetros de espessura, a cúpula contém os restos de ensaios nucleares realizados nos atóis de Bikini e Enewetak.

Apesar da enorme dimensão da estrutura, que armazena cerca de 85.000 metros cúbicos de resíduos radioativos, ela apresenta defeitos de construção que podem não isolar devidamente o material contaminado.

Em maio, o secretário-geral da ONU, António Guterres, manifestou preocupação com o vazamento de material nuclear da cúpula para o oceano Pacífico. Entretanto, os sobreviventes da sua obra afirmam que a cúpula já está filtrando radiação para o Pacífico e que as águas das marés fluem através das paredes porosas da estrutura, que não tem um fundo aplanado.

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