Ilhas Marshall são 10 vezes mais radioativas do que Chernobyl devido a testes nucleares dos EUA

© AP Photo / Laboratório Nacional de Los AlamosNuvem em forma de cogumelo que surgiu após os testes da arma Ivy Mike sobre o Pacífico, 1º de novembro de 1952 (imagem de arquivo)
Nuvem em forma de cogumelo que surgiu após os testes da arma Ivy Mike sobre o Pacífico, 1º de novembro de 1952 (imagem de arquivo) - Sputnik Brasil
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Mais de 50 anos após o governo americano ter cessado os testes de armas nucleares, várias das ilhas Marshall ainda são muito radioativas e inadequadas para habitação, de acordo com um novo relatório científico.

No período entre 1946 e 1958, após a Segunda Guerra Mundial, Washington testou 67 armas nucleares em diferentes zonas das ilhas Marshall - uma cadeia de ilhas vulcânicas e atóis no oceano Pacífico central, entre o Havaí e as Filipinas.

Um estudo recente de pesquisadores da Universidade de Columbia descobriu que partes das ilhas continham muito mais radiação do que a terra contaminada pelo desastre de Chernobyl.

Os atóis de Bikini e Enewetak foram usados para testes nucleares, resultando em uma "contaminação ambiental sem precedentes" e efeitos adversos para a saúde dos povos indígenas que vivem nas ilhas, de acordo com o estudo feito por pesquisadores da Universidade de Columbia (EUA).

Além disso, as pessoas que viviam nos atóis Rongelap e Utirik também experimentaram efeitos negativos para a saúde devido à precipitação radioativa do teste nuclear Bravo, realizado pelos EUA em 1º de março de 1954.

No total, foram testadas amostras de solo de nove ilhas para verificar os níveis de radiação, além de também terem sido analisadas as concentrações de elementos químicos radioativos, incluindo amerício-241, césio-137, plutônio-238 e plutônio-239.240 no solo de 11 ilhas.

Os resultados, publicados na segunda-feira (15) na revista PNAS, revelam que há níveis elevados de radiação gama na ilha de Enjebi, e uma das duas amostras de solo coletadas na ilha tinha altas concentrações de elementos químicos radioativos, com os níveis de césio-137 e plutônio-238 sendo superiores aos limites de segurança. A ilha de Runit também possui "níveis significativos" de concentrações de elementos químicos radioativos.

Preocupação real

"Nossos resultados sugerem que as pessoas que vivem atualmente no sul de Enewetak não são susceptíveis a uma exposição significativa à radiação nuclear. No entanto, a presença de isótopos radioativos na ilha de Runit é uma preocupação real, e os moradores devem ser alertados contra qualquer uso da ilha", observa o estudo.

© Foto / Marinha do Governo dos EUA/Imagens da National Geographic/ChristieTeste de bomba atômica subaquática realizado pelos EUA no atol Bikini em 1946, nas Ilhas Marshall, Micronésia
Ilhas Marshall são 10 vezes mais radioativas do que Chernobyl devido a testes nucleares dos EUA - Sputnik Brasil
Teste de bomba atômica subaquática realizado pelos EUA no atol Bikini em 1946, nas Ilhas Marshall, Micronésia

Ao testar o solo em busca de plutônio-239 e -240, os pesquisadores descobriram que algumas das ilhas tinham níveis entre 10 e 1.000 vezes superiores aos de Fukushima (onde um terremoto e tsunami levaram ao vazamento de radiação da planta nuclear) e cerca de 10 vezes superiores aos níveis da zona de exclusão de Chernobyl.

Os cientistas também revelaram ter encontrado "níveis de radiação gama muito elevados" e "concentrações elevadas" de amerício-241, césio-137 e plutônio-239,240 na ilha de Bikini – níveis considerados até três vezes maiores do que em amostras de solo da reserva da Polésia, na Bielorrússia (reserva criada para abranger o território da Bielorrússia mais afetado pela precipitação radioativa da catástrofe de Chernobyl), e até 150 vezes maior do que amostras de solo do Rocky Flats Environmental Technology Site, no Colorado (área criada como parte do complexo nacional de armas nucleares americanas para fabricar componentes de armamento radioativo).

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