Como uma nova regra na Polícia tailandesa coloca em risco milhares de vítimas de estupro

© AP Photo / AP photoMulheres da polícia de Tailândia em Bangkok (arquivo)
Mulheres da polícia de Tailândia em Bangkok (arquivo) - Sputnik Brasil
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A Real Academia de Cadetes da Polícia (RPCA), um importante centro de treinamento policial na Tailândia, proibiu a inscrição de mulheres, levantando protestos de grupos de direitos humanos sobre vítimas femininas de estupro no país.

De acordo com a lei tailandesa, mulheres estupradas só podem ser entrevistadas por outras mulheres e a restrinção à formação de novas policiais poderia colocar a proteção de sobreviventes em risco.

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A RPCA recusou pedidos da imprensa local para detalhar as razões para a mudança, apenas oferecendo que a nova proibição era "política". A Academia normalmente aceita cerca de 300 candidatos todo ano, sem distinção de sexo. A escola policial centenária já formou cerca de 700 mulheres desde 2009.

"É política. Não podemos dar mais informações do que isso", disse o porta-voz da RPCA, capitão Worawut Sripakhon, citado pela Newsweek.

Com a ascensão de outubro de 2016 do rei Maha Vajiralongkorn na Tailândia, muitos observaram uma mudança em direção a políticas conservadoras, particularmente no que diz respeito aos pobres e ao papel das mulheres no país.

"Este é um movimento muito atrasado para os direitos das mulheres e a segurança das mulheres na Tailândia", disse à Reuters a diretora do grupo de direitos humanos da Tailândia, Women and Men Progressive Movement, Jadet Chaowilai. "As vítimas podem ficar envergonhadas ou relutantes em falar com oficiais do sexo masculino", completa.

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A diretora da Foundation for Women, Usa Lerdsrisuntad, observou que a proibição do RPCA está em flagrante contradição com as leis tailandesas de discriminação de gênero existentes.

"É discriminação de gênero", afirmou Lerdsrisuntad, acrescentando: "Já há poucas policiais do sexo feminino, e agora essa regra reduzirá ainda mais esses números. É um grande revés para os casos de violência sexual e violência doméstica, que são imensamente subnotificados no país".

As mulheres representam cerca de 45% da força de trabalho da Tailândia, um dos maiores segmentos da Ásia, segundo dados recentes do Banco Mundial. Na Polícia, porém, são apenas 8% e só conquistaram o direito de trabalhar nos quadros policiais em 2009. Desde o início de 2018, porém, elas só podem assumir funções administrativas, sendo proibidas nas chamadas "atividades de inquérito".

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