Será que Taiwan fará parte da estratégia americana no Indo-Pacífico?

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No Fórum da Segurança em Taipé, o ex-chefe do Pentágono, Ashton Carter, declarou na terça-feira (24) que Taiwan desempenha um papel importante na estratégia norte-americana do Indo-Pacífico.

O conceito da região Indo-Pacífico sai como resposta ao reforço das posições globais da China e é considerada por Washington como um dos elementos-chave da estratégia dos EUA que visa conter Pequim. A administração de Trump tenta não só envolver a Índia na oposição à China, mas também usa ativamente os pontos fracos do governo chinês, tais como as disputas territoriais com os vizinhos asiáticos ou, o que é mais perigoso, a questão de Taiwan.

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Consequentemente, a visita a Taiwan de Ashton Carter, que ocupou o cargo de secretário da Defesa na administração de Barack Obama de 2015 a 2017, se enquadra na lógica das ações americanas contra a China. Já que a China não se rende em meio à pressão das restrições aduaneiras, é necessário tentar usar todos os meios acessíveis para tentar "quebrar" o concorrente econômico, político e militar.

O governo de Taiwan, por sua vez, também fala cada vez mais frequentemente sobre a necessidade de relações mais estreitas com os EUA, incluindo na esfera de segurança. E no fórum, a presidente de Taiwan, Cai Yingwen, declarou sobre a necessidade da cooperação com os norte-americanos. Entretanto, a atividade diplomática e militar da China foi classificada como uma das ameaças para a ilha.

Depois da chegada ao poder de Cai Yingwen, o diálogo político com Pequim ficou praticamente congelado. Em meio à deterioração das relações com Pequim, Taipé oficial aceitou com entusiasmo a ideia da "região Indo-Pacífica" porque, para a administração taiwanesa, isso dará a Taiwan a oportunidade de ocupar o seu lugar na estrutura de segurança construída pelos norte-americanos.

Em entrevista à Sputnik China, o especialista chinês, Yang Danzhi, explicou como na China entendem essa estratégia dos EUA e que ameaças veem na sua realização.

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"A estratégia do Indo-Pacífico foi avançada pela primeira vez pelo premiê japonês Shinzo Abe, mas depois foi secundada e bastante 'aquecida' pelos EUA. Os EUA sempre acharam que a ascensão da China representa uma ameaça para a hegemonia americana e para a antiga ordem na região, por isso implementam ativamente a estratégia indo-pacífica. Encabeçando este processo e desenvolvendo as relações de aliança na Ásia, os EUA põem gradualmente em prática a ideia do mecanismo quadrilateral QUAD [EUA, Japão, Índia e Austrália], com o objetivo de garantir uma vantagem absoluta para si na região dos oceanos Índico e Pacífico. Os EUA já mudaram o nome do Comando do Pacífico para Indo-Pacífico, os navios de combate americanos efetuam cada vez mais frequentemente o patrulhamento dos dois oceanos. Os EUA usam a questão de Taiwan para pressionar e conter a China. A futura realização da estratégia indo-pacífica vai afetar muito as relações de Taiwan com a parte continental e aumentará ainda mais a incerteza destas relações", disse Yang Danzhi.

O analista também comentou até que ponto Taiwan pode ser integrado nos planos americanos de contenção da China. Para ele, há um desejo mútuo de reaproximação, tanto da parte estadunidense, como da taiwanesa e a visita de Carter pode ser um sinal para o estreitamento dos laços entre EUA e Taiwan.

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"Taiwan sempre quis se reforçar à custa dos outros, tornar-se parte dos planos estratégicos norte-americanos, confiando nos EUA, Japão e outras forças externas para conter o continente. O objetivo é impedir que o continente use a força militar contra Taiwan no caso de uma situação extrema. Por outro lado, os EUA, com ajuda da Lei sobre viagens para Taiwan, estão testando a paciência da China. Embora Ashton Carter seja ex-secretário da Defesa e não é um funcionário no ativo, eu tenho certeza que no futuro a Lei sobre as viagens para Taiwan será uma base para ativação das trocas oficiais de altos funcionários entre Taiwan e EUA. É uma tendência muito perigosa. O fato de as forças separatistas de Taiwan se comportarem tão à vontade tem a ver, em muitos aspetos, com a proteção e interferência militar dos EUA. Recentemente, a China fez avisos em relação ao assunto, as manobras do Exército de Libertação Popular da China, que se realizam com cada vez maior frequência, servem de uma espécie de advertência aos separatistas taiwaneses", concluiu o especialista.

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