Trump sabe disso? Desnuclearizar a Coreia do Norte pode ser 'impossível', dizem analistas

© AP Photo / KCNALíder norte-coreano Kim Jong-un supervisiona o que seria uma versão miniaturizada de uma bomba de hidrogênio, ainda mais potente do que uma bomba atômica
Líder norte-coreano Kim Jong-un supervisiona o que seria uma versão miniaturizada de uma bomba de hidrogênio, ainda mais potente do que uma bomba atômica - Sputnik Brasil
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A possibilidade de uma total desnuclearização da Coreia do Norte, que estará no centro da futura e histórica cúpula entre o presidente dos EUA, Donald Trump, e o líder norte-coreano Kim Jong-un, pode ser simplesmente "impossível", segundo especialistas.

Há quatro anos, a consultoria RAND Corporation produziu um documento no qual estimava que seriam necessários nada menos do que 273 mil soldados para desmantelar o programa nuclear norte-coreano. Trata-se de um número muito acima do que os EUA enviaram ao Iraque, por exemplo.

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"Francamente, o pool de talentos tem limites", afirmou ao jornal The New York Times o especialista nuclear David Kay, que conduziu a busca por armas não convencionais no Iraque entre 2003 e 2004, apontando que encontrar pessoas capacitadas para a tarefa seria bastante complicada.

"Não vai ser como no Iraque, onde se encontrássemos alguma coisa, a destruiríamos. Será um caso de entrar como observadores do que a Coreia do Norte vai fazer, e isso vai permitir que o número de inspetores seja baixo. Será o caso de olhar por cima dos ombros deles", emendou.

Para se ter uma ideia, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) possui pouco mais de 300 agentes para averiguar quase 200 países em todo o planeta. São eles que estão inspecionando nos últimos anos as instalações do Irã, porém a tarefa em Pyongyang seria totalmente diferente.

"Comparado com a Coreia do Norte, o Irã pode parecer fácil. A Coreia do Norte não será um caso de 'confie, mas verifique'; será um caso de 'desconfie de tudo e verifique, verifique, verifique'", avaliou o cientista nuclear e ex-secretário do Departamento de Energia dos EUA, Ernest Moniz, que participou do acordo nuclear com Teerã.

Além da quantidade de pessoal, o nível real de colaboração das autoridades norte-coreanas seria outro desafio, já que há uma forte desconfiança sobre as reais intenções de Pyongyang de se desnuclearizar completamente, mesmo que o encontro entre Trump e Kim resulte em um acordo.

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Outro problema é o desconhecimento. Nem mesmo as autoridades dos EUA sabem ao certo quantas instalações nucleares a Coreia do Norte possui (estima-se que seriam entre 40 e 100, com muitos quilômetros quadrados para serem inspecionados na superfície e no subsolo), ou quantas armas atômicas (a CIA fala em 20; já o Departamento de Estado acha que atinge 60).

Os especialistas ainda consideram outra preocupação, e que não envolve armas nucleares, mas sim as químicas e biológicas – estas a Coreia do Norte não admite possuir, mas a comunidade internacional vê conexão do país asiático com a morte do irmão de Kim, Kim Jong-nam, em um aeroporto da Malásia, com uma arma química.

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