Como aniversário da Coreia do Norte pode virar uma catástrofe para todo o mundo

© Sputnik / Ilia PitalevInaguração do Museu da Vitória na Guerra Pátria em Pyongyang, julho de 2013
Inaguração do Museu da Vitória na Guerra Pátria em Pyongyang, julho de 2013 - Sputnik Brasil
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Há duas datas muito especiais para o povo norte-coreano: 15 de abril, aniversário de Kim Il-sung e 9 de setembro, dia da fundação da Coreia do Norte. Estas datas habitualmente são festejadas com paradas miliares, fogos de artifícios, mas não só: às vezes a Coreia do Norte quer mostrar seu poder e lança mísseis ou testa bombas nucleares.

O 69º aniversário da Coreia do Norte provoca mais preocupações do que nunca, adverte Vladimir Ardaev, colunista da Sputnik. Nos últimos meses Pyongyang tem se empenhado em mostrar seu potencial nuclear e de mísseis. O último teste, realizado em 3 de setembro, de uma bomba nuclear que pode ser usada em mísseis balísticos intercontinentais, se tornou o sexto teste nuclear realizado pela Coreia do Norte.

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No dia seguinte (4) a inteligência sul-coreana detectou o deslocamento de um míssil balístico intercontinental norte-coreano para a costa ocidental. Seul logo pressupôs que poderia ocorrer mais um lançamento em 9 de setembro, por ocasião da data festiva.

Sanções e respostas militares

A atividade nuclear de Pyongyang preocupa tanto os países-vizinhos da região quanto seus aliados. Os líderes dos EUA, China, Coreia do Sul e França realizam negociações e buscam meios para conter a Coreia do Norte.

As ameaças a Pyongyang são cada vez mais frequentes. O presidente norte-americano Donald Trump aprovou a entrega de armas estratégicas a Seul.

"Demos a entender muito claramente que podemos nos proteger e proteger nossos aliados — o Japão e a Coreia do Sul — de qualquer ataque e que nossos compromissos como parceiros continuam firmes", declarou James Mattis, chefe do Pentágono.

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O presidente Trump também não descarta uma resposta militar: segundo ele, isso não é desejável, mas pode acontecer.

Entre outros meios da pressão estão as sanções. Washington apresentou no Conselho de Segurança um projeto de resolução que prevê mais sanções contra Pyongyang, além das aprovadas mais cedo. Os EUA tentam fazer com que Pequim influencie a Coreia do Norte por meio da suspensão de todas as relações econômicas e comércio com Pyongyang.

Kim, o intratável

O presidente russo, Vladimir Putin, continua convencendo os líderes mundiais de que a posição de força em relação a Pyongyang não será eficaz. Segundo Putin, os norte-coreanos provavelmente "vão comer erva" mas não abandonarão seu programa nuclear até que se sintam seguros. O único meio aceitável é o diálogo com a Coreia do Norte.

O comportamento do atual líder norte-coreano comprova a palavras do presidente russo: a cada ameaça direta ou indireta, Pyongyang responde com declarações duras e lançamentos de mísseis. Em 9 de agosto Kim Jong-un declarou que está considerando um ataque contra as bases militares em Guam. Trump respondeu que, se algo acontecer com Guam, Pyongyang irá se arrepender.

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Os exercícios conjuntos entre Seul e Washington deitaram ainda mais lenha no fogo. Pyongyang advertiu que os considera um ensaio para uma invasão militar. Para acalmar a situação, a Rússia e China criaram um plano "de congelamento duplo" em que a Coreia do Norte suspende os testes e os lançamentos de mísseis e, em troca, os EUA e a Coreia do Sul não realizam manobras conjuntas. O plano foi rejeitado pela representante dos EUA na ONU, Nikki Haley.

Entretanto, a troca de ameaças continua aumentando e a crescente retórica militar sobre uma guerra entre os dois países nucleares torna a catástrofe cada dia mais real.

O perigo reside na montanha

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No entanto, cientistas chineses afirmam que, mesmo sem a guerra, poderemos estar perante uma outra catástrofe. Segundo eles, os últimos cinco testes teriam sido realizados na cordilheira de Punggye-ri, no interior da montanha Mantapsan. Os cientistas advertem que mais um teste pode provocar o desmoronamento da montanha, o que terá consequências catastróficas: a radiação pode sair e se espalhar por toda a região.

"Chamamos isso de 'perder a cabeça'. Se a montanha ruir e a galeria da mina abrir, muita coisa ruim sairá para fora", disse Wang Naiyan, pesquisador chinês, especialista em assuntos do programa nuclear norte-coreano.

Segundo ele, há vários motivos para esperar o desmoronamento da montanha. Primeiro, o relevo local não é apropriado para realização deste tipo de testes. Segundo, a poupança de Pyongyang na construção das galerias para os testes faz com que a montanha esteja em perigo e, terceiro, a frequência dos testes também não contribui para segurança da zona.

Ameaça para os vizinhos

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De acordo com governo chinês, a potência da última bomba testada foi quase 8 vezes maior do que a da lançada em Hiroshima.

A explosão da bomba em 3 de setembro foi acompanhada por um terremoto artificial. Os geólogos acreditam que o segundo terremoto mostrou que a mina onde se realizam os testes poderia ter sido destruída.

Se a montanha se desmoronar, conforme alertam cientistas e pesquisadores chineses, as ondas de radiação podem se espalhar pelos territórios da China e da Rússia, cujas fronteiras são as mais próximas do local.

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