Novo presidente da Coreia do Sul pode se tornar uma dor de cabeça para os EUA?

© REUTERS / Seo Myeong-gon /Yonhap via REUTERSMoon Jae-in
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A vitória do candidato liberal Moon Jae-in nas eleições presidenciais da Coreia do Sul promete alterar os contornos das relações do país, tanto com os seus vizinhos quanto com os Estados Unidos. Eleito nesta terça-feira com 41,4% dos votos, Moon pode se tornar uma dor de cabeça para Washington.

O candidato do Partido Democrático quebrou uma sequência de 10 anos dos conservadores no comando do país. A manutenção deste grupo político no poder se tornou muito difícil após o impeachment sofrido pela ex-presidente Park Geun-hye, envolvida em um escândalo de corrupção.

De 2009 para cá, Seul endureceu o seu discurso contra a Coreia do Norte e aumentou o seu alinhamento com a Casa Branca. Isso pode mudar, pelo menos tomando por base o programa de governo de Moon ao longo da sua campanha. Favorável ao fim do programa nuclear de Pyongyang, ele é adepto do diálogo, e não das sanções.

“Se a Coreia do Norte chegar às negociações para a desnuclearização depois de congelar suas armas nucleares, poderíamos retomar o complexo de Kaesong”, disse Moon em abril, em referência ao complexo industrial na fronteira entre os dois países, paralisado por Seul em 2016 como parte das sanções impostas ao vizinho do norte.

O regime de Kim Jong-un não escondeu ter preferência pela candidatura de Moon. O ex-ativista humanitário e advogado sempre enfatizou que a postura dura dos conservadores contra Pyongyang não ajudou a impedir a ampliação do programa nuclear norte-coreano. A ideia de dialogar com os norte-coreanos, por ora, não está alinhada à Casa Branca.

This file photo taken on December 18, 2012 shows South Korea's presidential candidate Moon Jae-In of the opposition Democratic United Party speaking during a press conference at the party head office in Seoul. - Sputnik Brasil
Quem é Moon Jae-in, o novo presidente da Coreia do Sul?

A expectativa é que o novo governo promova algum convite para uma reunião entre as principais lideranças dos dois países nas próximas semanas. Espera-se ainda o retorno da ajuda humanitária de Seul aos vizinhos do norte, uma prática interrompida pelo governo anterior.

“Dizer não”

Outro aspecto que pode desagradar Washington envolve declarações durante a campanha, nas quais Moon ponderou que a Coreia do Sul deveria deixar de ser espectadora em assuntos de seu interesse direto, como na atual crise na península. Mais do que isso: Seul precisa aprender a “dizer não”, afirmou o novo presidente sul-coreano.

O indicativo de busca por protagonismo na região também busca uma aproximação maior no campo diplomático com a China. Parte do problema envolve a instalação do sistema antimísseis THAAD na Coreia do Sul. Especificamente, ele já prometeu a adiar a implantação do sistema até que ele atinja um compromisso com os parceiros regionais.

No campo econômico, o novo presidente sul-coreano deve se voltar para pequenas e médias empresas, com restrições ao monopólio de grandes corporações – uma mudança substancial em relação ao que praticavam os conservadores, estes altamente ligados aos grupos mais poderosos.

Da sua parte, a Casa Branca divulgou nota em que parabenizou Moon pela vitória, dizendo ainda que a eleição de um presidente mais conciliador poderia adicionar uma maior volatilidade às relações entre os dois países, mas sem alterar muito a aliança já existente entre os dois países.

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