Especialista: Pressão dos EUA sobre China para parar Pyongyang pode sair pela culatra

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Especialista em assuntos da Península Coreana, o norte-americano Scott Snyder disse que a pressão da China sobre a Coreia do Norte, a pedido dos Estados Unidos, pode ser um “teste decisivo” para relação entre os dois países. Mas tiro pode sair pela culatra para a Casa Branca.

Em declarações publicadas pela agência sul-coreana Yonhap, Snyder destacou que o quão longe Pequim esteja disposta a pressionar Pyongyang contra o seu programa nuclear terá impacto nas relações futuras não só com os vizinhos, mas com os norte-americanos.

Apesar do governo do presidente Donald Trump ter subido o tom nas últimas semanas, há limites para as pressões que o governo chinês possa ou queira fazer sobre o regime de Kim Jong-un. E isso tem a ver com os próprios interesses chineses.

De acordo com Snyder, os analistas chineses reconhecem os perigos representados pela Coreia do Norte, porém eles acreditam que a influência chinesa é limitada, ao mesmo tempo que avaliam que a hostilidade norte-americana contra Pyongyang é a raiz das tensões na península.

Autoridades dos EUA se mostram frustradas com a falta de sanções mais duras por parte da China contra os norte-coreanos, sobretudo no que tange a importação de carvão e minérios, além do envio de alimentos e outros produtos para Pyongyang, que é altamente dependente de Pequim.

“O governo Trump finalmente espera que Pequim exerça pressão suficiente sobre Pyongyang para fazer Kim perceber que o programa nuclear o põe em risco, em vez de garantir a sobrevivência de seu regime”, analisou Snyder.

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“No entanto, essa linha de ação impõe à China maiores riscos do que o país tem estado disposto a tomar até agora. Ele prefere o status quo para os perigos da instabilidade política e fluxos de refugiados através da fronteira da China”, emendou o especialista.

Os chineses também já demonstraram insatisfação com as opções postas na mesa pela Casa Branca para o fim da crise na península.

Uma pressão excessiva para Kim desistir do seu programa nuclear pode levar ao colapso do regime, criando um fluxo de imigrantes para o território chinês e, ao mesmo tempo, trazer as forças dos EUA para a fronteira chinesa em uma eventual Coreia unificada com predominância de Seul.

Por outro lado, a falta de uma solução dá tempo a Pyongyang concluir o seu programa nuclear e os norte-americanos aumentarem a sua presença militar na região, e esse é outro aspecto que desagrada os chineses.

“O preço que Pequim paga por seu apoio de longa data ao regime norte-coreano, que exporta a instabilidade como seu único meio seguro de sobrevivência, é um projeto de lei que finalmente chegou. A administração de Trump parece ter a intenção de fixar pagamentos muito bons como um meio principal por qual pressionar Pyongyang”, completou.

Assim, a própria deterioração das relações entre norte-americanos e chineses é uma possibilidade. Anteriormente, o governo Trump já realizou duras críticas ao modelo econômico patrocinado por Pequim, o qual estaria "tirando proveito" dos EUA, seja com a desvalorização da moeda chinesa, o yuan, seja com os empregos que anualmente migram de fábricas norte-americanas para instalações chinesas.

Como se vê, a solução para a crise na península está longe do fim, sobretudo pelos múltiplos interesses e implicações a cada peça movida neste tabuleiro.

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