Fuzileiros navais vão defender crescentes interesses estratégicos da China

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A China planeja aumentar o número de tropas do Corpo de Fuzileiros Navais de 20 mil para 100 mil para a proteção de suas vias de comunicação marítimas vitais e dos crescentes interesses no exterior, relata o jornal de Hong Kong South China Morning Post, citando suas fontes e especialistas militares.

O contingente de fuzileiros navais da China foi aumentado em quase o dobro até aos atuais 20 mil através da transferência de duas brigadas do exército regular, dizem as fontes, sem citar, no entanto, quando isso aconteceu. Junto com o aumento dos destacamentos de fuzileiros navais até 100 mil militares, o número de efetivos da Marinha também irá aumentar em 15 por cento, neste momento o número de pessoal da Marinha é estimado em 235.000 efetivos.

O aumento do corpo de fuzileiros navais é considerado pelo South China Morning Post como parte de transformações militares mais vastas, a fim de reorientar o maior exército do mundo de operações sobretudo de combate terrestre para uma série de cenários na área de segurança com recurso a unidades altamente especializadas.

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O analista militar Vladimir Evseev relembrou em uma entrevista à Sputnik China que o corpo de fuzileiros navais dos EUA tem 200.000 militares:

"A China está tentando criar uma força de fuzileiros navais apenas duas vezes inferior à dos Estados Unidos. A ideia é que, de fato, a China tem um interesse crescente na região da Ásia-Pacífico. Na verdade, isto é parte da política de contenção dos EUA, caso contrário, tal aumento dos fuzileiros navais — em cinco vezes — era simplesmente desnecessário. A China quer ser um Estado comparável em capacidades militares com os Estados Unidos na região da Ásia-Pacífico. É por isso que ela precisa de 100 mil fuzileiros.

"É claro que, mesmo que na Península Coreana hipoteticamente aconteça um conflito armado, neste caso, um desembarque em massa não será necessário. Muito provavelmente as ações serão realizadas pelas forças terrestres e o desembarque de fuzileiros chineses terá um caráter local durante as operações de combate. No entanto, tal número de fuzileiros pode ser preciso, por exemplo, para uma conexão incorporação à força da ilha de Taiwan. É bastante real. Ou inicialmente para defender os territórios em disputa no mar do Sul da China".

O analista militar independente Zhao Chu polemiza com a opinião do South China Morning Post e do especialista russo sobre um possível envolvimento dos fuzileiros chineses para garantir os interesses de segurança da China na península coreana:

"Eu já prestei atenção à notícia sobre a necessidade de aumentar o contingente de fuzileiros navais. No entanto, a opinião sobre uma relação do futuro aumento do número de fuzileiros navais com o interesse de garantir a segurança nacional da China na península coreana é uma interpretação excessivamente ampla.

"Todo o mundo sabe que a China e a Coreia do Norte estão ligadas por uma fronteira terrestre, em 1950, as unidades voluntárias chinesas também entraram por terra na península coreana, por isso, é difícil imaginar que a China possa realizar uma invasão militar de grande escala da península coreana incluindo o engajamento de uma força de desembarque de grande escala. Tais declarações são, pelo menos, infundadas.

"Além disso, os Estados Unidos, a Rússia e outros países reagem atentamente aos teatros de operações intercontinentais e outros de guerra distante através do envio de forças de reação rápida por via marítima. A partir deste ponto de vista, mesmo se assumirmos que a China no futuro possa tomar alguma ação na península coreana, mesmo neste caso, não haverá necessidade do envio em grande escala de uma força de desembarque para lá, uma vez que não se justifica do ponto de vista dos custos de operação e em termos de sua eficácia. Eu acredito que esta notícia é muito rebuscada, se estivermos falando de sua relação com a política chinesa em relação à Coreia do Norte."

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Fontes de Hong Kong podem apontar as "medidas apropriadas" da China, diz um especialista em geopolítica, o ex-analista da Comissão de Defesa e da Comissão de Assuntos Internacionais da Duma do Estado Konstantin Sokolov:

"É necessário avaliar o número de fuzileiros, em primeiro lugar, no que diz respeito ao território cujo controle pode estar em causa. No Leste e no Sudeste Asiático há muitos territórios insulares que se enquadram no âmbito dos interesses econômicos da China e seus interesses de segurança. Suponho que, se surgir um provável inimigo nestas áreas, em caso de necessidade de controle serão precisas grandes forças militares e policiais precisamente de fuzileiros navais. Portanto, do meu ponto de vista, a China provavelmente poderá aumentar justificadamente o número de fuzileiros navais.

"O ponto mais quente agora é, claro, a península coreana… Este é o único ponto em que se pode criar uma base militar terrestre que ameace seriamente a China ao longo da sua fronteira terrestre com a Coreia do Norte. Em termos estratégicos, este é o ponto principal para garantir os interesses de segurança da China.

"Há muitos cenários, mas, em princípio, a China está enfrentando uma grande tarefa — em caso de qualquer desestabilização da situação, sobretudo na Ásia, a China terá de aproveitar o corpo de fuzileiros navais… porque a China é uma potência mundial, e é natural que seus interesses existam em todos os lugares."

A possível instalação de fuzileiros navais chineses em Djibouti vai provavelmente aumentar a vigilância dos EUA. Recentemente, o chefe do comando africano das Forças Armadas dos EUA Thomas Valdhauzer disse no Comitê de Relações Exteriores do Senado que a própria proximidade da base militar chinesa em Djibouti do campo norte-americano de Lemonnier, que está localizado perto do aeroporto internacional de Djibouti, é uma ameaça para o Pentágono. O general também lembrou aos senadores que a base chinesa aumenta a presença naval da China na região.

A formação pela China de novas unidades de fuzileiros navais vai encaixar em sua estratégia global para reforçar o poder naval e a capacidade de defesa. A este respeito, chamou a atenção uma declaração do vice-chefe do Estado-Maior do Exército de Libertação Popular da China Wang Weming. Ele disse que a Força Aérea e a Marinha do Exército de Libertação Popular da China estão prontas para interceptar todos os navios e aeronaves de países estrangeiros que invadam as águas territoriais ou o espaço aéreo da China.

Ele também observou que ultimamente a Marinha chinesa está incorporando ativamente em seu serviço novos navios de guerra e aviões, realizando regularmente exercícios de unidades e destacamentos de fuzileiros navais, alargando a zona de patrulhamento na zona marítima próxima e no oceano mundial.

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