China apoia Irã em nova ronda de confrontação com EUA

© AFP 2023 / LINTAO ZHANG Ministro das Relações Exteriores chinês Wang Yi e o seu homólogo iraniano, Mohammad Javad Zarif
Ministro das Relações Exteriores chinês Wang Yi e o seu homólogo iraniano, Mohammad Javad Zarif - Sputnik Brasil
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Teerã ganhou o apoio de Pequim perante a eventual introdução de novas sanções contra o Irã. Este é um dos principais resultados da viagem do chanceler iraniano Mohammad Javad Zarif à Índia, China e Japão em 3-8 de dezembro.

Esses três países são considerados os maiores importadores do petróleo iraniano.

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Durante uma coletiva de imprensa na quinta-feira (08) em Tóquio, o chefe da diplomacia iraniana anunciou que tanto os EUA, como os restantes países da comunidade internacional, deveriam estar interessados em respeitar o acordo sobre o programa nuclear iraniano. Porém, o Irã não exclui que esse acordo possa ser violado por Washington, apesar de ter sido aprovado pelo Conselho de Segurança da ONU, acha Zarif.

O chanceler do Irã destaca que as sanções contra o Irã não funcionaram no passado e seu reforço não trará resultados.

Antes, durante o encontro em Pequim em 5 de dezembro entre Zarif e seu homólogo chinês Wang Yi, o último destacou que "o pleno apoio ao cumprimento eficaz das condições deste acordo é uma responsabilidade geral e corresponde aos interesses de todas as partes".

Vale ressaltar que essa postura de Pequim foi anunciada após a aprovação, por ambas as câmaras do Congresso dos EUA, do projeto de lei sobre prorrogação do prazo das sanções contra o Irã por dez anos.

Em entrevista à Sputnik China, Irina Fedorova, especialista do Instituto de Estudos Orientais da Academia de Ciências da Rússia, apontou que "as sanções americanas estão no centro da atenção dos observadores".

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"A questão é se Barack Obama irá assinar ou não os projetos de lei aprovados pelo Senado e Congresso nos últimos dias da sua presidência. Caso isso aconteça, o impacto sobre as relações econômicas entre o Irã e a comunidade internacional será muito sério", acha Fedorova.

Durante a reunião acima mencionada, as partes iraniana e chinesa confirmaram sua disposição em ampliar a cooperação econômica e o financiamento de projetos. Em particular, foi destacado que a China está interessada na participação do Irã da iniciativa da Rota da Seda terrestre e marítima.

Na opinião do especialista do centro de pesquisas iranianas da Universidade do Sudoeste da China, Ji Kaiyun, as mudanças da situação nos EUA e as tendências que são visíveis com a chegada de Trump ao poder tornam ainda mais séria a confrontação entre os EUA e o Irã.

Ao mesmo tempo o especialista espera que os futuros contatos com a China permitam ao Irã atenuar os efeitos da pressão exercida pelos EUA.

Durante uma coletiva de imprensa em Tóquio, o chanceler iraniano destacou que "hoje em dia o objetivo estratégico do Irã é recuperar o nível das exportações que existia antes das sanções impostas pelo Ocidente". Na opinião de Zarif, neste quesito o Irã aposta na parceria com a China, Índia, Japão e a Coreia do Sul como principais importadores do petróleo iraniano.

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Em setembro o Irã aumentou em 73% o volume de petróleo fornecido a estes países, quando comparado com o período homólogo de 2015. Em particular, o crescimento das exportações de petróleo do Irã para a China alcançou os 18 por cento.

Devemos destacar que a China é o país que lidera pelo volume do petróleo importado do Irã. Está ficando evidente que as eventuais novas sanções americanas contra o Irã colocarão em risco a estabilidade dos lucros obtidos com as vendas de petróleo. O Irã está enfrentando um grave défice de recursos e tecnologias para modernizar seu setor petrolífero.

Assim, parece que as visitas do chanceler iraniano Zarif à Índia, China e Japão devem ter servido para Teerã esclarecer o novo papel de cada um desses países no âmbito da sua estratégia energética.

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