O comércio fará parte da política de negociações do presidente norte-americano Joe Biden com a China, mas não será a força motriz nas relações EUA-China, afirma Wendy Cutler, antiga negociadora de comércio internacional norte-americana, que trabalhou para negociar o Acordo de Parceria Transpacífica (TPP, na sigla em inglês) em 2016.
"Existem diferenças fundamentais em uma série de questões entre os EUA e a China que serão difíceis de resolver", disse Cutler na quarta-feira, citada pela agência Reuters.
O governo Biden seria pressionado a se envolver no comércio na região da Ásia-Pacífico por acordos como a Parceria Econômica Regional Abrangente (RCEP, na sigla em inglês) na Ásia e o Acordo Integral de Investimento (CAI, na sigla em inglês) da China com a União Europeia, comentou Cutler, que trabalhou no escritório do Representante Comercial dos EUA (USTR, na sigla em inglês) e atualmente é vice-presidente do escritório Asia Society Policy Institute, em Washington, EUA.
Parceria Transpacífica
Cutler afirma que levar os EUA ao Acordo Abrangente e Progressivo para a Parceria Transpacífica (CPTPP, na sigla em inglês) não é a única maneira de construir laços na região da Ásia-Pacífico.
"Se os EUA considerassem retornar à CPTPP, sem dúvida buscariam atualizações e revisões do acordo, incluindo aquelas que são mais sensíveis às preocupações dos trabalhadores norte-americanos", acrescentou Cutler.
Na segunda-feira (1º) o Reino Unido apresentou um pedido formal de adesão ao CPTPP. O CPTPP foi lançado em 2019 para remover as barreiras comerciais entre 11 nações que representam quase 500 milhões de consumidores na região da Ásia-Pacífico, em uma tentativa de conter a crescente influência econômica da China.

Atualmente, o acordo de livre comércio inclui: Austrália, Brunei, Chile, Canadá, Japão, Malásia, México, Nova Zelândia, Peru, Singapura e Vietnã.
Alternativa da China ao CPTPP
Cutler afirmou que o RCEP, assinado entre 15 países da Ásia-Pacífico, incluindo a China, em novembro de 2020, precisa ser levado a sério.
"O RCEP estabelece amplas regras de origem que facilitarão o comércio entre os países [membros] e, com o tempo, impactarão as cadeias de abastecimento", além de terem uma estrutura de engajamento onde as questões entre os membros podem ser tratadas, comentou.
O RCEP, amplamente visto como uma alternativa apoiada pela China ao CPTPP e apontado como o maior acordo de livre comércio do mundo, visa reduzir progressivamente as tarifas e contrariar o protecionismo, aumentar o investimento e permitir a circulação mais livre de mercadorias na região.

Cutler disse esperar que os EUA contribuam com investimentos em infraestrutura na região da Ásia-Pacífico, embora não na escala da China.
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