Após uma presidência marcada pela confrontação com seus adversários políticos, incluindo Joe Biden, para o qual perdeu as eleições presidenciais de 2020, Donald Trump revelou na sexta-feira (8) que não assistiria à posse do novo presidente no dia 20 de janeiro, com a agência Reuters informando na mesma data que ele poderá deixar Washington um dia mais cedo e ir para sua casa de férias na Flórida.
No entanto, o 46º presidente dos EUA não será o primeiro na história dos EUA a decidir não comparecer à posse de seu sucessor, mas será o primeiro a fazê-lo desde o século XIX, e apenas o quarto no total, apesar das frequentemente duras campanhas eleitorais ao longo da história do país.
John Adams
O presidente cessante mais famoso a não comparecer à cerimônia de posse de seu sucessor foi John Adams (1797-1801), o segundo presidente dos EUA, um dos pais fundadores da recém-criada república.
Adams sucedeu ao primeiro presidente George Washington, tendo tido uma rivalidade amarga com Thomas Jefferson durante a presidência. A eleição de 1800 foi vista como uma espécie de referendo sobre duas visões diferentes dos EUA, com os federalistas de Adams, favoráveis a um governo central mais forte, contra os democratas-republicanos, representados por Jefferson, que defendiam o liberalismo clássico e maior autonomia para os estados.
Jefferson venceu as eleições de 1800 com 73 votos eleitorais contra 65 de Adams, e 61,4% dos votos populares contra 38,6% de Adams, com os partidários de Jefferson acusando Adams de ser hermafrodita, e os apoiadores de Adams contra-atacando com alegações de que o voto em Jefferson abriria a porta para a ilegalidade, prostituição, adultério e incesto, e eventualmente para a guerra civil. Ela ocorreu muito mais tarde, entre 1861 e 1865.

A dor da humilhante derrota de Adams foi agravada pela morte de seu filho adulto Charles, em 30 de novembro de 1800. O presidente cessante deixou Washington e viajou para Massachusetts na madrugada de 4 de março de 1801, várias horas antes da posse de Jefferson, para se juntar à sua esposa Abigail e fazer o luto. Jefferson acabaria por cumprir dois mandatos (1801-1809).
John Quincy Adams
John Quincy Adams, o sexto presidente dos Estados Unidos (1825-1829), também faltou à posse de seu sucessor, Andrew Jackson, após a dura campanha de 1828.
Adams era particularmente conhecido por sua oposição à escravidão, pelo reforço do governo federal, grandes projetos de infraestrutura nacional e solidificação da Doutrina Monroe, delineada por seu antecessor James Monroe, que classificou o Hemisfério Ocidental como o "quintal" dos Estados Unidos. Adams formulou esta doutrina quando era secretário de Estado de Monroe.
A eleição de 1828 foi marcada por numerosos ataques políticos mútuos dos dois candidatos, com críticas ao casamento de Jackson com uma mulher que ainda não estava formalmente divorciada, seus escravos, e massacres de índios americanos depois da Guerra de 1812.

John Quincy Adams, por sua vez, foi retratado pelos partidários de Jackson como um "negociante corrupto" e um aristocrata arrogante culpado de subornos. Jackson acabou vencendo Adams com 178 votos eleitorais a favor e 83 votos contra, ganhando 56,4% dos votos populares, ante os 43,6% de Adams.
Andrew Johnson
O último presidente a decidir voluntariamente não comparecer à posse de seu sucessor antes de Trump foi Andrew Johnson, outro presidente que cumpriu apenas um mandato (1865-1869), que sucedeu a Abraham Lincoln (1861-1865) após seu assassinato, e se tornou o primeiro presidente a ser destituído pela Câmara dos Representantes dos EUA, tendo sobrevivido a uma condenação pelo Senado por um voto.

Apesar de apoiar a abolição da escravidão ao lado de Lincoln, Johnson não deixou de ser um supremacista branco, tentando vetar a Lei de Direitos Civis de 1866, que prometia proteção igual para todos os cidadãos, com seu veto anulado pelo Congresso. O maior feito de Johnson foi, sem dúvida, a compra do Alasca à Rússia em 1867. Johnson é frequentemente incluído em listas dos piores presidentes da história dos EUA.
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