Bombardeando o Capitólio: conheça grupo feminista que atacou sede do Legislativo dos EUA em 1983

© AP Photo / Doug MillsBandeira a meio pau em 24 de julho de 1998, em homenagem a dois policiais mortos a tiros junto do Capitólio dos EUA, Washington D.C. (foto de arquivo)
Bandeira a meio pau em 24 de julho de 1998, em homenagem a dois policiais mortos a tiros junto do Capitólio dos EUA, Washington D.C. (foto de arquivo) - Sputnik Brasil
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Em 1983, o grupo feminista M19 realizou um atentado com bomba no Capitólio de Washington, em sua luta por ideais de esquerda.

Na última quarta-feira (6), o Capitólio foi alvo de uma invasão de apoiadores do presidente norte-americano Donald Trump, no contexto da confirmação da eleição do democrata Joe Biden para o posto de presidente nos EUA.

Na ação, pelo menos quatro pessoas morreram, tendo os manifestantes deixado um rastro de destruição. Contudo, esta não foi a primeira vez que a sede do Legislativo dos EUA foi atacada.

M19

Em 1983, o grupo feminista M19 realizou um atentado com bomba no Capitólio de Washington, em sua luta por ideais de esquerda.

Brancas, de classe média e universitárias: era este o perfil das integrantes da Organização Comunista 19 de Maio, mais conhecida como M19.

A data usada no nome do grupo era uma homenagem ao aniversário do líder afro-americano Malcom X e do dirigente comunista vietnamita Ho Chi Minh.

A história da organização foi investigada pelo especialista em segurança norte-americano William Rosenau, conforme escreveu em seu livro "Esta Noite Bombardeamos o Capitólio dos EUA" ("Tonight We Bombed the U.S. Capitol", no original em inglês).

A organização armada surgiu em um período em que diferentes grupos de esquerda nos EUA diziam lutar pelos direitos de minorias e pelos ideais socialistas nas décadas de 70 e 80.

Seus integrantes desejavam apoiar os movimentos esquerdistas e revolucionários nos países do Terceiro Mundo.

"Realmente eles se viam como partidários e seguidores destas lutas do terceiro mundo no Oriente Médio, na África do Sul e neste hemisfério em particular. Falavam de si como se estivessem no ventre da besta, no centro deste mostro imperialista. Por isso, tinham uma responsabilidade particular, em sua opinião, de levar a cabo ações para dominar este monstro", relatou Rosenau em entrevista à revista Smithsonian.

Uma das principais características do grupo era a defesa do feminismo. Contudo, segundo Rosenau, o grupo, liderado e majoritariamente composto por mulheres, não defendia qualquer forma de feminismo.

"É importante notar que realmente não acreditavam no chamado 'feminismo burguês', a Organização Mundial das Mulheres, a igualdade salarial, etc.. Sim, tudo isso era bom, mas o consideravam uma distração. A libertação da mulher chegaria de fato com a revolução política", disse.

A criação do grupo se deu em 1978, com seus integrantes passando da propagação de ideias através de material impresso para o assalto a carros-cofre e libertando detentos da prisão.

Em 1979, conforme lembra a revista, o grupo ajudou na libertação do fabricante de explosivos William Morales, o qual pertencia ao grupo nacionalista porto-riquenho FALN (Forças Armadas de Libertação Nacional).

Com o passar do tempo, o M19 começou a produzir seus próprios explosivos.

Ataque ao Capitólio

Enquanto criticava o "imperialismo capitalista norte-americano" e as ações dos EUA na Guerra do Vietnã, o grupo iniciou uma série de ataques contra diversos alvos, incluindo um endereço do FBI, o consulado da África do Sul em Nova York e outros. Contudo, um dos ataques mais marcantes foi contra o Capitólio federal norte-americano, em Washington.

Pouco antes das 23h00 de 7 de novembro de 1983, o grupo ordenou que o Capitólio fosse evacuado. Dez minutos depois, uma bomba explodiu no interior do prédio.

A explosão não causou vítimas, mas o prejuízo foi estimado em cerca de US$ 1 milhão (cerca de R$ 14 milhões nos dias de hoje).

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