Resultado final das eleições dos EUA pode ser legítimo ou 'golpe de Estado', afirma analista

© Sputnik / Mitchell Quring / Acessar o banco de imagensUma das zonas eleitorais em São Francisco no dia das eleições do presidente dos EUA
Uma das zonas eleitorais em São Francisco no dia das eleições do presidente dos EUA - Sputnik Brasil
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Enquanto o presidente incumbente dos EUA, Donald Trump, e o candidato à presidência Joe Biden se enfrentam verbalmente, o país aguarda a contagem dos votos de estados-chave.

As eleições presidenciais de 2020 foram nomeadas "históricas" e "sem precedentes" por muitos devido ao grande número de votos por correio e aos impactos da pandemia da COVID-19 em todo território dos EUA.

Em entrevista à Sputnik Internacional, o analista político Don Debar analisou como as circunstâncias afetam o resultado da eleição e quais razões podem estar por trás da grande participação nesta terça-feira (3), dia da eleição.

Quando questionado sobre atrasos do processo de contagem de votos, como é o caso do estado de Nevada, o analista avalia que o "número mágico" de 270 votos eleitorais, necessários para eleger um presidente, ainda é alcançável tanto para Trump como para Biden.

Após um número recorde de votos enviados por correio, prática prevista no sistema eleitoral, diversos estados enfrentaram e enfrentam dificuldades para contabilizar todos os votos.

Contagem

De acordo com o especialista, dependendo da metodologia de contagem escolhida, o momento de divulgação do resultado final pode variar. Para Debar, ou essa questão será solucionada através das leis existentes, conforme prevê a Constituição do país desde 1789, ou por emendas incluídas desde então.

© AP Photo / Damian DovarganesZona eleitoral em Los Angeles
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Zona eleitoral em Los Angeles

Fora a via jurídica, isso pode ser resolvido pela primeira vez de alguma nova maneira, "esta última [opção] – não importa qual linguagem você usar para caracterizar isto – significa, essencialmente, um golpe. Portanto, vai ocorrer, você sabe, um resultado eleitoral legítimo sob a lei, ou vai ocorrer um golpe de Estado".

Debar confessa que ainda não se sabe qual via vai ser tomada para solucionar este conflito, já que ambas são possíveis de acordo com o atual processo.

De acordo com o especialista, nesta terça-feira (3) o processo eleitoral não previu somente uma eleição, mas 50, representando cada um dos estados federados norte-americanos que conduzem sua própria eleição. Portanto, cada estado conta com seu próprio arcabouço legal para contagem de votos.

Em Nova York, por exemplo, caso um partido ganhe a maioria dos votos, vai receber todos os votos eleitorais do estado. Já em outros, caso se ganhe 50% ou 51% dos votos, a quantidade de votos eleitorais será proporcional.

Desta forma, devido a características únicas do sistema federativo norte-americano, uma recontagem dos votos precisaria ser certificada individualmente em cada corte estadual, para que seja apresentada ao Congresso em uma sessão conjunta.

Após este processo, a demanda vai aos arquivos federais, e então ao governo federal dos EUA para que recontagens possam ser acionadas. "Podemos ver um litígio em vários ou talvez 50 estados e, finalmente, as cortes federais e a Corte Suprema dos EUA [...]", analisou o especialista em política.

Recorde de eleitores

Uma das razões pelas quais estas eleições contaram com um número recorde de eleitores, contabilizado em 150 milhões ou mais, foi "ter existido um esforço massivo de relações públicas para fazer com que as pessoas saiam para votar de novo desde que Trump foi eleito".

Debar descreve este esforço como uma "histeria midiática", citando acusações de traição feitas a Trump por editoriais como do New York Times, um dos jornais mais consagrados dos Estados Unidos.

Além disso, existe o medo generalizado pelo coronavírus na população, que motiva eleitores a votarem contra Trump "como se de alguma maneira ele fosse responsável por todos ficarmos doentes".

O analista cita também a amplitude do voto por correio nesta eleição, que fez com que "em muitos lugares nem fosse necessário solicitar uma cédula", encorajando muitos eleitores a optarem por este método.

Contudo, comparado a outros países ditos industrializados, Debar conclui que este recorde não é inusual, afirmando que, geralmente, norte-americanos possuem uma taxa de participação menor.

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