Jornal soviético e documentos desclassificados revelam visita de Biden à URSS em plena Guerra Fria

© AFP 2023 / Jerome DelaySenador norte-americano Joseph Biden, do Partido Democrata, anuncia em 23 de setembro de 1987 que se retira da corrida para a indicação presidencial democrata de 1988, enquanto sua esposa Jill segura seu braço
Senador norte-americano Joseph Biden, do Partido Democrata, anuncia em 23 de setembro de 1987 que se retira da corrida para a indicação presidencial democrata de 1988, enquanto sua esposa Jill segura seu braço - Sputnik Brasil
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Se todo mundo sabia da viagem do ex-candidato Bernie Sanders à URSS em 1988, sabe-se agora que Joe Biden, rival eleitoral de Trump, visitou o inimigo norte-americano em plena Guerra Fria em 1979.

A visita ocorreu em uma época geopoliticamente muito mais complexa, quando Joe Biden visitou a União Soviética em agosto de 1979, participando de uma missão de cinco dias do Senado dos EUA para discutir questões de desarmamento.

Um breve artigo no famoso jornal Pravda, publicado em 27 de agosto de 1979, recapitulou a visita de Biden a Leningrado (atual São Petersburgo), com uma delegação de senadores norte-americanos.

Joe Biden, que tinha 36 anos, e restantes senadores prestaram na ocasião homenagem às vítimas da Segunda Guerra Mundial em um cemitério local, tendo o atual candidato democrata afirmado em um discurso que "a humanidade está grata aos habitantes de Leningrado por sua grande proeza. A paz que eles alcançaram deve se tornar o objetivo de nossas vidas".

Os senadores visitaram também o Museu Hermitage e a Palácio de Peterhof, antes de participar de um jantar com membros do comitê executivo da cidade, de acordo com o Pravda.

© Sputnik / V. BaranovskyGrande Palácio de Peterhof, construído entre 1714 e 1721 pelos arquitetos Braunstein, Le Blond e Michetti para o imperador Pedro, O Grande, foto tirada em 1º de junho de 1977
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Grande Palácio de Peterhof, construído entre 1714 e 1721 pelos arquitetos Braunstein, Le Blond e Michetti para o imperador Pedro, O Grande, foto tirada em 1º de junho de 1977

Biden, então senador democrata eleito pelo estado do Delaware e chefe do subcomitê de Assuntos Europeus do Comitê de Relações Exteriores, estava liderando uma delegação de senadores em missão oficial em seguimento à assinatura do tratado SALT II de limitação de armas entre os EUA e a URSS, ocorrido em 17 de junho de 1979 em Viena (Áustria).

O Congresso dos EUA recusou-se a ratificar o acordo, e Biden, um apoiador do tratado, decidiu levar alguns dos senadores à URSS em uma tentativa de lograr a reversão da decisão.

A viagem o deixou com a impressão de que a liderança soviética estava verdadeiramente preparada para empreender cortes profundos em seu arsenal nuclear e convencional, mas a guerra no Afeganistão, que começou em dezembro de 1979 e afastaria os posicionamentos das duas superpotências, fez com que o tratado SALT II nunca fosse ratificado.

A delegação de senadores liderado por Biden também visitou Moscou, onde se encontrou com as altas entidades soviéticas, segundo documentos recentemente desclassificados.

Recordando essas conversas durante uma visita à Rússia em 2011, Biden disse que o líder soviético Leonid Brezhnev estava "mais doente do que pensávamos na época".

"Ele se desculpou, deixou a reunião mais cedo e delegou em seu premiê, Kosygin, que em sua declaração inicial disse o seguinte – eu nunca esquecerei: 'Antes de iniciarmos nossas conversações, senador, vamos concordar que não confiamos em você, e você não confia em nós. E ambos temos uma boa razão'", recordou Biden.
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