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Guerra do queijo: EUA defendem seus gigantes da Internet do protecionismo da Europa, Ásia e Brasil

© AP Photo / Mark LennihanPintura da Estátua da Liberdade é vista através de uma vitrine destruída da loja Dolce & Gabbana, 1º de junho de 2020, bairro do SoHo, Nova York
Pintura da Estátua da Liberdade é vista através de uma vitrine destruída da loja Dolce & Gabbana, 1º de junho de 2020, bairro do SoHo, Nova York - Sputnik Brasil
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Administração Trump prepara tarifas contra vários parceiros comerciais, a menos que eles recuem na intenção de taxar pesadamente as principais empresas de Internet norte-americanas.

A notícia foi avançada pelo jornal de referência norte-americano The Wall Street Journal e o alcance geográfico das futuras medidas de retaliação econômica de Washington é impressionante: a União Europeia (em geral), Áustria, Brasil, Espanha, Índia, Indonésia, Itália, República Tcheca, Turquia e até mesmo o Reino Unido.

Que têm em comum todos estes países? Vejamos qual a essência do problema.

Engenharia financeira

Todas estas nações pretendem taxar os gigantes da Internet norte-americanos, acostumados a enormes privilégios fiscais, ganhando dinheiro em todo o mundo sem pagar impostos.

Os valores em causa, que os governos sonham agora cobrar, de Paris ao Rio de Janeiro e de Jacarta a Roma, são astronômicos e eles têm na mira empresas como a Google, Facebook, Amazon e Apple.

No entanto, para defender seus privilégios tácitos, Donald Trump – ele próprio vítima das ações dessas empresas, que apoiam abertamente Joe Biden – está disposto a ter uma séria disputa mesmo com aliados próximos, como o Reino Unido, a Índia ou o Brasil, para não falar da União Europeia.

Os esquemas de engenharia financeira dessas empresas lhes permitem registrar seus rendimentos nas contas de países com tributação mínima, independentemente do país em que realmente prestaram seus serviços.

A taxa GAFA

Em teoria, este esquema poderia ser usado por qualquer empresa, mas historicamente tem acontecido que os principais beneficiários tenham sido empresas norte-americanas. O problema é tão grave e "americano" que o imposto especial dirigido contra tais empresas foi informal e internacionalmente apelidado de imposto GAFA, acrônimo de Google, Amazon, Facebook e Apple.

Se os países proponentes do "imposto digital" o vêm como uma manifestação de soberania, já para o EUA esta é uma questão de princípio. O princípio de que "a América tem direito a tudo" é absolutamente sagrado para todos os presidentes norte-americanos, independentemente de sua orientação política.

A França foi, ainda em 2019, o primeiro país a ousar taxar os gigantes da Internet, o que mereceu uma enérgica reação dos EUA, impondo tarifas de até 100% sobre importações de produtos franceses como vinho, queijo, bolsas e porcelana, obrigando o governo francês a protelar a entrada em vigor do novo imposto até, pelo menos, o final de 2020, relembra o WSJ.

Mas agora a situação mudou: a União Europeia e outros países precisam de liquidez para combater as consequências econômicas da pandemia e, aproveitando a queda da supremacia dos EUA na arena internacional, o momento para taxar os gigantes da Internet não poderia ser mais oportuno.

A reação dos EUA provavelmente será inevitável, podendo mesmo conduzir a uma guerra econômica à escala global, mas o preço de tal política a pagar por Washington poderá vir a ser bastante alto.

Amazon na mira europeia

Segundo The Wall Street Journal, a Comissão Europeia está se preparando para acusar oficialmente a gigante norte-americana Amazon de violar as leis antitruste e usar sua posição dominante no mercado para copiar produtos de fabricantes europeus e depois vender a menor preço seus próprios análogos, inclusive no mercado europeu, privando dessa forma de renda as empresas europeias.

Não se trata aqui de impostos a serem introduzidos a taxas baixas na expectativa de seu crescimento no futuro, mas de potenciais multas de dezenas de bilhões de dólares e, no pior dos cenários, de proibição administrativa de certas atividades na União Europeia.

No futuro, quase todos os gigantes de TI norte-americanos poderiam ser facilmente colocados sob medidas antimonopólio similares, liberando o mercado europeu para suas próprias empresas.

É óbvio que as sanções, tarifas e ameaças dos EUA ainda são armas muito poderosas. Mas o número daqueles que querem "forçar a barra" está aumentando a cada dia, e suas tentativas estão se tornando cada vez mais ousadas e em grande escala.

Provavelmente não estará muito distante o dia em que a liderança norte-americana simplesmente sucumbirá das milhares de feridas menores infligidas às ambições de Washington por ex-vassalos dos EUA. Então, de fato, o presidente dos EUA só poderá impor sanções contra as "forças celestiais" cansadas do ego americano.

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