'Acabaram no inferno': latino-americanos evacuados da China pela Ucrânia vivem momentos de horror

© STRManifestantes preparam barricada na entrada da cidade de Novye Sanzhany na Ucrânia, em 20 de fevereiro de 2020
Manifestantes preparam barricada na entrada da cidade de Novye Sanzhany na Ucrânia, em 20 de fevereiro de 2020 - Sputnik Brasil
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A Ucrânia ofereceu auxílio e evacuou 25 latino-americanos da província de Hubei, epicentro do coronavírus. Mas o que era para ser um gesto de amizade virou um verdadeiro caos.

Na semana passada, a Ucrânia se ofereceu para evacuar cidadãos latino-americanos da província de Hubei, epicentro do coronavírus, na China. Kiev se dispôs a evacuar oito argentinos, cinco dominicanos, cinco equatorianos, quatro salvadorenhos e um panamenho, num total de 25 indivíduos.

O acordo feito com o governo de Kiev era que os latino-americanos fossem submetidos à quarentena na Ucrânia, antes de seguir sua jornada rumo a seus países natais.

Mas, ao chegarem na cidade de Novye Sanzhany, na Ucrânia, aonde deveria ter início o isolamento médico, o grupo de evacuados – que era composto em sua maioria por ucranianos – foi recebido com pedras e barricadas por manifestantes locais.

Centenas de moradores, temendo a propagação do vírus, bloquearam a estrada rumo ao hospital que abrigaria os evacuados, jogaram pedras, queimaram pneus e entraram em confronto com a polícia.

© AP Photo / Efrem LukatskyPolícia ucraniana tenta conter manifestantes que formaram barricadas na entrada da cidade de Novi Sarzhany, para impedir a entrada de pessoas evacuadas da cidade chinesa de Wuhan, em 20 de fevereiro de 2020.
Polícia ucraniana tenta conter manifestantes que formaram barricadas na entrada da cidade de Novi Sarzhany, para impedir a entrada de pessoas evacuadas da cidade chinesa de Wuhan, em 20 de fevereiro de 2020 - Sputnik Brasil
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Polícia ucraniana tenta conter manifestantes que formaram barricadas na entrada da cidade de Novi Sarzhany, para impedir a entrada de pessoas evacuadas da cidade chinesa de Wuhan, em 20 de fevereiro de 2020.
© AP Photo / Efrem LukatskyPolícia ucraniana prende manifestante durante protestos violentos na cidade de Novye Sarzhany, na Ucrânia, em 20 de fevereiro de 2020.
Polícia ucraniana prende manifestante durante protestos violentos na cidade de Novye Sarzhany, na Ucrânia, em 20 de fevereiro de 2020 - Sputnik Brasil
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Polícia ucraniana prende manifestante durante protestos violentos na cidade de Novye Sarzhany, na Ucrânia, em 20 de fevereiro de 2020.
© AP Photo / Efrem LukatskyPassageiros evacuados da cidade de Wuhan pelo governo da Ucrânia durante protestos violentos na cidade de Novi Sanzhany, na Ucrania, em 20 de fevereiro de 2020.
Passageiros evacuados da cidade de Wuhan pelo governo da Ucrânia durante protestos violentos na cidade de Novi Sanzhany, na Ucrania, em 20 de fevereiro de 2020  - Sputnik Brasil
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Passageiros evacuados da cidade de Wuhan pelo governo da Ucrânia durante protestos violentos na cidade de Novi Sanzhany, na Ucrania, em 20 de fevereiro de 2020.
© AP Photo / Efrem LukatskyPoliciais ucranianos formam barreira para impedir que manifestantes avancem sobre ônibus com passageiros evacuados da China, em Novye Sanzhany, na Ucrânia, em 20 de fevereiro de 2020.
Policiais ucranianos formam barreira para impedir que manifestantes avancem sobre ônibus com passageiros evacuados da China, em Novye Sanzhany, na Ucrânia, em 20 de fevereiro de 2020 - Sputnik Brasil
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Policiais ucranianos formam barreira para impedir que manifestantes avancem sobre ônibus com passageiros evacuados da China, em Novye Sanzhany, na Ucrânia, em 20 de fevereiro de 2020.
© AP Photo / Igor ChekachkovMotorista do ônibus com pessoas evacuadas da cidade chinesa de Wuhan, epicentro do coronavírus, em 20 de fevereiro de 2020.
Motorista do ônibus com pessoas evacuadas da cidade chinesa de Wuhan, epicentro do coronavírus, em 20 de fevereiro de 2020 - Sputnik Brasil
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Motorista do ônibus com pessoas evacuadas da cidade chinesa de Wuhan, epicentro do coronavírus, em 20 de fevereiro de 2020.
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Polícia ucraniana tenta conter manifestantes que formaram barricadas na entrada da cidade de Novi Sarzhany, para impedir a entrada de pessoas evacuadas da cidade chinesa de Wuhan, em 20 de fevereiro de 2020.
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Polícia ucraniana prende manifestante durante protestos violentos na cidade de Novye Sarzhany, na Ucrânia, em 20 de fevereiro de 2020.
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Passageiros evacuados da cidade de Wuhan pelo governo da Ucrânia durante protestos violentos na cidade de Novi Sanzhany, na Ucrania, em 20 de fevereiro de 2020.
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Policiais ucranianos formam barreira para impedir que manifestantes avancem sobre ônibus com passageiros evacuados da China, em Novye Sanzhany, na Ucrânia, em 20 de fevereiro de 2020.
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Motorista do ônibus com pessoas evacuadas da cidade chinesa de Wuhan, epicentro do coronavírus, em 20 de fevereiro de 2020.

A unidade de operações especiais ucraniana teve que ser chamada às pressas e precisou utilizar dois tanques para romper as barricadas.

Exaustos e com medo, os latino-americanos permaneceram dentro de um ônibus e só puderam seguir viagem com intensa escolta policial.

Iniciativa de Kiev

A iniciativa ucraniana de evacuar os latino-americanos que, por motivos diversos, não obtiveram auxílio de seus governos, foi tomada em meio aos preparativos da visita do presidente do país, Vladimir Zelensky, à América Latina.

Kiev está empenhada em utilizar a visita para aprofundar o relacionamento com essa importante região, com a qual mantém relacionamento aquém do potencial, reportou o jornal local Evropeiskaya Pravda. A última vez que um presidente ucraniano foi à Argentina, por exemplo, foi em 1995.

© AP Photo / Efrem LukatskyManifestante bloqueia entrada da cidade de Novye Sarzhany, na Ucrânia, em protesto contra a vinda de pessoas evacuadas da cidade chinesa de Wuhan, em 20 de fevereiro de 2020
'Acabaram no inferno': latino-americanos evacuados da China pela Ucrânia vivem momentos de horror  - Sputnik Brasil
Manifestante bloqueia entrada da cidade de Novye Sarzhany, na Ucrânia, em protesto contra a vinda de pessoas evacuadas da cidade chinesa de Wuhan, em 20 de fevereiro de 2020

Portanto, a fim de preparar o terreno para a viagem, Kiev avaliou que a evacuação de cidadãos latino-americanos poderia ser uma iniciativa positiva de relações públicas e na construção de uma boa imagem da Ucrânia na região.

A iniciativa não poderia ter dado mais errado. O jornal argentino El Día escreveu "moradores locais recebem evacuados com pedras". "Estudante panamenha vive momentos de terror na Ucrânia", acrescenta o Mi Diário, do Panamá. "Ucranianos jogam pedras contra evacuados, inclusive dominicanos", escreveu o veículo local Hoy.

As autoridades ucranianas condenaram a reação dos manifestantes de Novi Sanzhary e o "inferno local" que criaram para os evacuados, escreveu o Evropeiskaya Pravda.

O presidente ucraniano, Vladimir Zelensky, lamentou que, naquele dia, os ucranianos mostraram ao mundo "nem de longe o melhor lado de nosso caráter".

Para a surpresa de muitos, os manifestantes não canalizaram sua frustração e violência contra estrangeiros evacuados de Hubei, mas contra os próprios ucranianos.

"Não há perigo bacteriológico. Mas há um outro perigo, sobre o qual eu gostaria de falar", disse Zelensky. "O perigo de que nós esqueçamos que somos todos humanos, e que nós todos somos ucranianos. Cada um de nós. Inclusive, aqueles que estavam em Wuhan durante a epidemia."

Apesar das palavras do presidente, as imagens dos ônibus apedrejados e de cidadãos apavorados em uma terra estrangeira devem prevalecer na mente dos leitores latino-americanos, muitos dos quais têm pouco conhecimento sobre a Ucrânia, lamentou o Evropeiskaya Pravda.

Em 20 de fevereiro, protestos violentos eclodiram na Ucrânia em resposta à chegada de cidadãos ucranianos e estrangeiros evacuados da cidade de Wuhan e da província de Hubei, epicentro do coronavírus. As autoridades ucranianas ainda investigam o incidente, que pode estar ligado à propagação de notícias falsas sobre o coronavírus.

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