Estará Trump recuando na guerra comercial com a China?

© REUTERS / Carlos BarriaPresidente dos EUA Donald Trump saúda seu homólogo chinês Xi Jinping em Mar-a-Lago, no estado da Flórida, em 6 de abril 2017
Presidente dos EUA Donald Trump saúda seu homólogo chinês Xi Jinping em Mar-a-Lago, no estado da Flórida, em 6 de abril 2017 - Sputnik Brasil
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Dias depois de a Casa Branca ter anunciado estar considerando a proibição de exportação de motores de aeronaves para a China, Trump afirma agora o contrário.

A informação inicial havia sido adiantada pelo The Wall Street Journal no passado dia 16.

Contudo, o presidente dos EUA, Donald Trump, apressou-se no dia de ontem (19) a afirmar não pretender proibir que empresas americanas vendam certos produtos de alta tecnologia para a China, como chips ou os motores de aeronaves fabricados pela General Electric, informa o portal China Daily.

© Foto / PixabayQuebra-cabeça de uma nota de 100 dólares dos EUA
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Quebra-cabeça de uma nota de 100 dólares dos EUA

Segundo o presidente dos EUA, o pretexto da segurança nacional não pode servir para causar prejuízos às empresas norte-americanas.

No entanto, vale recordar que o confronto tecnológico entre a China e os EUA foi desencadeado, em primeiro lugar, por razões de segurança nacional.

Trump alegou à época que a Huawei não deveria ser autorizada a entrar no mercado dos EUA porque a tecnológica chinesa representava uma ameaça à segurança nacional.

A este argumento, a administração Trump acrescentou o da proteção da propriedade intelectual norte-americana.

Assim, todas as restrições ao fornecimento de produtos de alta tecnologia foram justificadas com a necessidade de proteger a propriedade intelectual dos EUA.

Alegava a administração Trump que a China, obtendo produtos tecnológicos norte-americanos, os copiaria, sem investir em pesquisa e desenvolvimento e ganhando dessa forma uma vantagem competitiva injusta.

"Apesar de suas recentes declarações [de ontem, 19], Trump ainda deseja frear o desenvolvimento da China por todos os meios possíveis", afirmou à Sputnik China Wang Zhimin, diretor do Instituto de Globalização e Modernização da China da Universidade de Negócios Internacionais e Economia (UIBE, na sigla em inglês).

Vender ou não vender, eis a questão

Contudo, Trump não pode ignorar os interesses de seu país, sabendo perfeitamente que a rivalidade entre as duas superpotências faz mais mal do que bem, prosseguiu o cientista político.

É bem ilustrativo deste fato a questão dos 5.000 motores General Electric (GE) para aeronaves que a China pretendia adquirir nos EUA.

© AP Photo / Ted S. WarrenMotor General Electric
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Motor General Electric

"Por exemplo, se Trump proibir o fornecimento de motores de avião para a China, isso não só terá um efeito negativo sério para a China, mas também para os EUA", explicou Wang Zhimin.

Mas os danos para os EUA seriam mais graves, já que a China retaliaria, podendo perfeitamente adquirir motores a outros fabricantes, desenvolver suas próprias tecnologias e reduzir as encomendas de aviões Boeing.

Os responsáveis da GE alegam que seus produtos têm sido fornecidos ao mercado chinês há muitos anos, pelo que a China, se quisesse, já teria começado a copiar a tecnologia há muito tempo.

Para além disso "a produção de componentes para produtos de alta tecnologia [...] está dispersa por todo o mundo. A China, por exemplo, também produz componentes de aeronaves. Geralmente, apenas componentes-chave são produzidos no país de origem do fabricante", explicou Wang Zhimin.

O especialista referiu ainda que, em um mundo globalizado, é impossível controlar o desenvolvimento tecnológico de outros países e que é uma questão de tempo até a China começar a produzir motores de qualidade.

Se o embargo à venda dos motores fosse avante, tal somente significaria a perda de receitas por parte dos norte-americanos, concluiu Zhimin.

Mas, segundo Trump escreveu em seu tweet, "Queremos vender produtos e mercadorias para a China e outros países. É isso o comércio". Caso contrário, "as encomendas irão para outro lugar. Como exemplo, eu quero que a China compre nossos motores a jato, os melhores do mundo", precisou o presidente norte-americano.

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